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Carta em solidariedade aos atingidos de Barra Longa

10 de agosto de 2016 Arquidiocese

A equipe do Conselho Regional de Pastoral, CRP, da Região Leste, redigiu uma carta em solidariedade à comunidade de Barra Longa

 

CARTA DE SOLIDARIEDADE À POPULAÇÃO DE BARRA LONGA
Quando Cristo aparecer, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é(1Jo3,2)

A Região Pastoral Mariana Leste, reuniu-se no dia 9 de abril de 2016, na cidade de Barra Longa, visitando áreas impactadas pela ‘lama da Samarco’ e ouvindo depoimento de famílias atingidas.De 17 a 22 de julho de 2016 foi realizada semana missionária com a presença de missionários de toda Arquidiocese de Mariana. Na visita às famílias e comunidades, constatou-se que os problemas e os desafios persistem. Diante disso, o Conselho Regional de Pastoral da Região Leste vem a público deixar sua mensagem às comunidades e à sociedade em geral.

Nós, leigos e padres da Região, pudemos constatar que o município de Barra Longa, considerando-se sua sede e as comunidades rurais ribeirinhas, entre elas Gesteira, foi dramaticamente afetado pelo rompimento da barragem de Fundão, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, situação consideravelmente agravada pelo descaso da empresa e suas controladoras (Vale e BHP Billiton) visto que, meses depois dessa tragédia anunciada, a lama continua vazando na barragem e os atingidos não têm uma garantia efetiva de seus direitos, um claro desrespeito ao Direito Humano e Ambiental.

A cidade de Barra Longa se transformou num canteiro de obras, mas, a despeito das inúmeras frentes de trabalho, causando poeira, barro e muito estresse na população, o atingido, em geral, não é atendido na sua necessidade básica, ficando inseguro quanto ao seu presente e ao seu futuro, sendo obrigado a viver do emergencial no provisório, sem ações estruturantes que resolvam, realmente, os problemas criados pela empresa.

O “Acordão” assinado entre empresa, governos estaduais de Minas Gerais e do Espírito Santo e Governo Federal, elaborado sem a participação dos atingidos, deu muito poder à Samarco, mas o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que, desde o início, em parceria com a Arquidiocese de Mariana, vem contribuindo na organização do povo, insiste em manter a mobilização e os espaços coletivos de negociação sempre com o acompanhamento do Ministério Público.

Após todo esse período convivendo com a tragédia, a população busca agora construir de forma conjunta ações que recuperem a cidade no longo prazo, como a diversificação econômica, com inclusão social e geração de renda, a recuperação das condições plenas de vida na zona rural, especialmente no trajeto da lama, a garantia de reassentamento para todos aqueles que perderam suas casas ou que vivem em área de risco por causa do rompimento, novas oportunidades para a juventude na educação, no lazer e na cultura, etc., tudo isso elaborado e defendido de maneira autônoma e organizado pelos atingidos dando voz especial aos jovens e mulheres.

Diante das questões aqui narradas, e de tantas outras que pudemos perceber entre o povo, a Região Pastoral Mariana Leste se solidariza com o sofrimento das famílias atingidas e apoia quem organiza os atingidos,pois quanto mais fortalecidos, mais poderão lutar pela garantia de seus direitos.

Conselho Regional de Pastoral da Região Mariana Leste

Ponte Nova,6 de Agosto de 2016

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