Arquidiocese de Mariana
Atingidos pelo Rompimento das Barragens

As ruas de Mariana ficaram repletas de faixas, cartazes e corações desejosos por direitos e justiça nessa quinta-feira, 12 de novembro. Centenas de pessoas se reuniram na Praça Gomes Freire (Jardim), no centro da cidade, para uma caminhada em favor da vida e solidariedade aos atingidos pelo DSC_0125rompimento das barragens de Fundão e Santarém.

Antes de chegar ao final da caminhada, Praça da Sé, os participantes realizaram um ato simbólico na Praça Minas Gerais. De mãos dadas, em frente à primeira Câmara do Estado, os presentes fizeram um momento de oração e reflexão pelas vítimas.

Mariana é o berço de Minas, aqui começou Minas Gerais. Aqui, estamos diante da igreja de São Francisco de Assis, o santo da ecologia, o santo amigo da vida, da natureza. Chora São Francisco ao ver a lama que se espalha, acabando com a vida. Vida de seres humanos, que nem sabemos exatamente quantos morreram. Estamos diante da igreja de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Mariana. A história de Mariana e a história da Arquidiocese se misturam. Mariana é cidade, porque se tornou a primeira diocese do Estado. Por esse motivo, já justifica um envolvimento da Arquidiocese com a cidade. Nós queremos uma Igreja a serviço da vida, Igreja a serviço dos pequenos, uma Igreja comprometida com a justiça. Só há paz onde há justiça. A paz é fruto da justiça. Que Nossa Senhora do Carmo interceda pelos queDSC_1049 choram a perda de seus familiares”, disse o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha.

Nilza Pena, 72 anos, disse que participar dessa caminhada era muito importante. “Os danos foram muitos. Não podemos ficar calados. Meu genro saiu de casa para trabalhar na quinta-feira, 5h da manhã, e não voltou mais. Ele deixou duas filhas e a esposa que estão arrasadas. Todos estamos muito tristes”.

Para Pablo Dias (Binho), representante do MAB, essa mobilização é muito importante. “Existe um processo de solidariedade com as famílias de atender as emergências essências das famílias. Existe um bom grupo, MAB, Arquidiocese de Mariana, que já tem essa preocupação com os direitos dessas famílias. A gente intende que esse processo é muito importante. Existe um processo de aceleração da empresa de construir mecanismos e propostas, pra resolver esses problemas, e que a gente acredita, que nesse momento de tristeza, comoção, choque e luto das famílias, isso atrapalha a garantia dos direitos de forma integral. Existe também a tentativa de retirar as pessoas dos hotéis e levar para as casas alugadas. A gente tem feito assembleias nos hotéis e eles não querem sair do hotel até quando não tiverem certeza de como vai ser a vida deles daqui pra frente.”

Debate público

Após a caminhada, foi realizado um debate público na Praça da Sé. Dom Geraldo abriu o momento de fala. Outros militantes, um representante da prefeitura e um dos atingidos, também, fizeram pronunciamentos. Na sequência foi realizado a fila do povo, onde as pessoas puderam contribuir com sugestões e opiniões. Mais de 30 movimentos participaram do debate e da caminhada. As prospostas foram sintetizadas por padre Marcelo Moreira Santiago, assessor  da Dimessão Sociopolítica, em uma carta manifesto.

DSC_0231A representante da Comissão de Meio Ambiente da Província Eclesiástia da Mariana, Lucimere da Silva Leão, disse que as pessoas realmente precisam ir para as ruas. “Quanto Igreja, quanto movimento social para denunciar essas empresas que levam todo o dinheiro e deixa para nós um rastro de destruição e morte, tanto de seres humanos quanto de animais, como é o caso dos peixes. O Rio Doce está morto, a lama matou o Rio Doce e todo o seu leito até o Espírito Santo”.

Padre Marco José, da Diocese de Itabira e Coronel Fabriciano, vê o ato como um começo para assumir o problema e estar junto com aqueles que foram afetados. “A Igreja, que o Papa vem pedindo na sua última encíclica, é um momento de alerta contra esses grandes danos, contra o meio ambiente. E isso fica claro, porque as empresas querem sempre lucrar e eles levam as nossas ‘minas’ e deixam as ‘gerais’ e se isso não bastasse, degradando o meio ambiente, os rios, as nascentes, agora também a nossa gente. E aí quem vai responder por esse crime ambiental? Até que ponto a vida humana tem valido para essas empresas? Está na hora da Igreja assumir essa postura profética”.

Leia as constatações, propostas e a carta manifesto:

Debate em favor da vida e em solidariedade aos atingidos.

Confira a cobertura fotográfica.

 

 

 

 

 

 

   

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