Dimensão Sociopolítica divulga Carta Compromisso do 23° Grito dos Excluídos
06/09/2017 às 09h26
A coordenação da Dimensão Sociopolítica da arquidiocese divulgou a carta compromisso do 23° Grito dos Excluídos, que será realizado nesta quinta-feira (7) em Congonhas. A carta foi aprovada pelo arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, e uni a Igreja particular de Mariana às iniciativas, em todo o Brasil, do Grito dos Excluídos e das motivações da CNBB para a celebração da Semana da Pátria.
A Dimensão Sociopolítica propõem as comunidades que rezem, neste dia, de modo especial nestas intenções e, se possível, leiam, nas celebrações, esta carta compromisso da Arquidiocese de Mariana com os excluídos, os mais empobrecidos e necessitados.
Leia a carta na íntegra:
CARTA COMPROMISSO DO 23° GRITO ARQUIDIOCESANO DOS EXCLUÍDOS
Nós, agentes das pastorais e dos movimentos eclesiais e militantes dos sindicatos, dos movimentos sociais e populares, de partidos políticos e organismos públicos e civis, viemos celebrar o 23o Grito dos Excluídos aos pés do Senhor Bom Jesus, em seu Santuário Arquidiocesano, em Congonhas, neste 7 de setembro de 2017.
Comprometidos com a “Vida em primeiro lugar”, anunciamos, em meio a alegrias e dores, a esperança de um mundo melhor, reafirmando que “por direitos e democracia, nossa luta é todo dia”.
Manifestamos nossa indignação com os rumos econômicos e sociais do país, impostos pelo atual governo, movido por interesses voltados para o mercado, privilegiando o capital financeiro e os megagrupos econômicos nacionais e estrangeiros, em detrimento dos interesses do povo, sobretudo de garantia de seus direitos básicos como educação, saúde, moradia, segurança pública, transporte, alimentação saudável e saneamento básico.
Preparando-nos para celebrar o Grito, realizamos “rodas de conversa” e seminários em nossas cidades e regiões, durante os quais denunciamos:
As estruturas opressoras da sociedade e as injustiças cometidas pelo modelo econômico neoliberal que levam à concentração de renda; fragilizam as políticas sociais; negam a vida e querem nos impedir de sonhar.
O novo ciclo de privatizações, o “ajuste” fiscal, as reformas política, trabalhista, previdenciária e da educação, a extinção da reserva Renca. Tudo isto imposto pelo atual governo, sem nenhum diálogo com a sociedade, faz aumentar a exclusão social e a perda de direitos.
A exploração, à exaustão, dos recursos naturais, sobretudo pela mineração, o agronegócio e a monocultura, colocam em cheque nossas terras, águas e matas, trazendo dor, destruição e morte, como aconteceu com a tragédia, produzida por mãos humanas, há quase dois anos, no município de Mariana, com o rompimento da Barragem do Fundão, das empresas Samarco, Vale e BHP-Billiton, atingindo toda a extensão da Bacia do Rio Doce.
A criminalização dos movimentos sociais, dos defensores/as dos direitos humanos e das lutas populares;
O modelo de mídia e de comunicação, cuja operação, outorgada pelo Estado, tem atendido a interesses particulares de grandes grupos econômicos voltados para o lucro e não tem vista dos verdadeiros interesses da população. Diante disso, reafirmamos nosso compromisso de:
Participar da construção de uma nova sociedade pautada no bem-viver, na defesa da vida, na conquista de direitos e na construção da democracia.
Fortalecer a luta e a resistência, por meio do trabalho de base, contra qualquer retrocesso e ameaça aos nossos direitos.
Lutar, a partir de nossas organizações eclesiais e sociais, pela democratização da mídia e por um Estado comprometido com o povo e a vida, alicerçado na garantia dos direitos inalienáveis e no acesso a eles.
Defender nossa “casa comum”, o planeta que sofre “em dores de parto”, ante os “dragões” da atividade mineradora, da monocultura, do agronegócio, e promover a vida em toda a sua integridade.
Combater ao lado das populações atingidas, contra o crime socioambiental ocorrido no município de Mariana, em 5 de novembro de 2015, e que atingiu outros municípios vizinhos, bem como toda a extensão da Bacia do Rio Doce, exigindo que sejam ressarcidas economicamente pelas empresas responsáveis, em seus irreparáveis prejuízos e que as comunidades prejudicadas sejam ouvidas, assumindo o protagonismo no processo de seu reassentamento.
Solidarizar-nos com a população de Congonhas, contra o projeto de alteamento da barragem da CSN.
Com o Papa Francisco, afirmamos, mais uma vez, “Este sistema é insuportável – exclui, degrada e mata”. Todos devemos, como exorta o Papa, limpar as vistas, deixar as falsas seguranças e todo comodismo e assumir, a partir dos excluídos, o compromisso com a vida e a esperança.
Imploramos as bênçãos do Bom Jesus, por intercessão de Nossa Senhora da Assunção e de São José, Padroeiros da Arquidiocese de Mariana, para que possamos prosseguir testemunhando e proclamando: a “Vida em primeiro lugar” e que “por direitos e democracia, a luta é todo dia”.