Missa no Santuário de Aparecida faz memória aos mortos pelo rompimento da barragem de Fundão

02/10/2017 às 08h41

A missa das 12 horas desse domingo (1) teve um caráter especial no Santuário Nacional de Aparecida, no município de Aparecida (SP). Além de ser o primeiro dia da Festa e Novena do tricentenário de Nossa Senhora Aparecida, que se estenderá por 12 dias ininterruptos, a celebração fez memória das 19 pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, no dia 5 de novembro de 2015.

Aproximadamente 800 pessoas vindas dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo e se somaram neste ato político-religioso, que também representou o início do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Após a cerimônia, as caravanas seguiram em direção ao Rio de Janeiro, onde estarão reunidos cerca de 3.500 atingidos até quinta-feira (5).

Durante a homilia, o bispo de Lorena (SP), Dom João Inácio Muller, fez referência às 19 cruzes enlameadas que foram carregadas durante a celebração. “Essas cruzes fazem memória das 19 pessoas, nossos irmãos e nossas irmãs, mortos na tragédia em Mariana, no crime da mineradora Samarco ocorrido há dois anos”.

O bispo também fez um paralelo entre a história de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e o rompimento da barragem em Mariana. Há trezentos anos, no ano de 1717, três pescadores jogaram suas redes nas águas enlameadas do Rio Paraíba do Sul e capturaram o corpo da estátua da santa. Ao jogarem novamente, resgataram a cabeça. “Nós agradecemos a presença e a luta de vocês. Que o grito por justiça chegue aos céus e que seja ouvido na terra, em nosso Brasil. Que a nossa Senhora Aparecida, tirada da lama do Rio Paraíba do Sul, interceda por vocês e por todos nós junto ao seu filho, nosso Senhor”, celebrou Dom João Inácio.

Presente na cerimônia, Maria do Carmo, natural de Paracatu de Baixo, distrito de Mariana destruído pelos rejeitos da barragem, exaltou a importância de eventos que impedem o esquecimento das populações afetadas por esse crime. “É muito importante [relembras as vítimas] porque a empresa já esqueceu. Cada vez que a gente encontra uma oportunidade de estar falando sobre isso para nós é um conforto. Uma certa esperança que brota de conseguir alcançar os direitos dos atingidos”, ressaltou.

Já a integrante da coordenação nacional do MAB, Liciane Andrioli, ressaltou a importância da igreja na reconstrução das comunidades afetadas ao longo da Bacia do Rio Doce. “Desde a Arquidiocese de Mariana, estamos há quase dois anos trabalhando lado a lado no fortalecimento e organização dos atingidos. O espírito de comunhão e solidariedade são comuns aos militantes sociais e à igreja”, disse.

Fonte: MAB


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