Com o tema “O Espaço Litúrgico”, o Encontro Arquidiocesano de Liturgia aconteceu nesse final de semana (20, 21 e 22), na Casa de Retiros Nossa Senhora da Alegria, na Vila Samarco, em Ouro Preto. Além de quatro oficinas sobre o tema, os 108 participantes tiveram a oportunidade de conhecer as ideias que deram vida as obras artísticas realizadas na igreja Nossa Senhora Aparecida, de Mariana.
Orientada pelo projetista arquitetônico responsável pela revitalização da igreja e membro da Comissão de Arquitetura e Arte Sacra da Arquidiocese de Mariana, Júlio Quaresma, a visita teve o objetivo de mostrar o simbolismo das modificações na igreja, vendo na prática o que foi estudado durante o encontro.
Detalhes como os vitrais em tons azuis e avermelhados, que remetem a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná, evangelho lido na Festa de Nossa Senhora Aparecida, foram destacados nas explicações do projetista. Segundo Júlio, os elementos que compõe o presbitério foram todos feitos em blocos maciços de pedra sabão com o intuito de valorizar um elemento natural de Minas Gerais e caracterizar uma sadia enculturação. “Da porta aos vitrais, das peças litúrgicas ao mosaico, das cruzes de consagração a pintura/mural, da assembleia a Capela do Santíssimo, tudo está em perfeita sintonia. Todo um simbolismo que parte da própria Palavra será encontrado em todos os lugares deste espaço, da estrutura aos menores ornamentos”.
Em consonância com o que a igreja Nossa Senhora Aparecida apresenta, padre Luiz Cláudio Vieira, coordenador da Dimensão Litúrgica, explica que o espaço sagrado deve ser uma antecipação da própria glória de Deus e, por esse motivo, precisa ser marcado pelo belo. “Na beleza do espaço, do rito, das vestes, da iconografia, das orações Eucológicas, da música, o ser humano reconhece a grandeza do Celeste e se constrói”, esclarece.
Citando a constituição Sacrosanctum Concilium sobre a liturgia católica, padre Luiz Cláudio lembra da necessidade de readaptação para que o espaço constitua a beleza que marca o sagrado e remete a Deus. "Aquelas igrejas que foram construídas no barroco, no passado, precisam ser preservadas e, na medida do possível, adaptadas. Já as igrejas modernas vão sendo construídas em uma outra linguagem, assim como nesse templo de Nossa Senhora Aparecida: ele havia sido construído moderno, mas tentando imitar o passado. A paróquia convidou um artista para fazer a adaptação àquilo que a igreja pede", expõe.
Márcia Guimarães Soares de Freitas, da paróquia de São Silvestre, de Viçosa, conheceu a igreja durante a visita, o que considerou uma oportunidade única. "A igreja é maravilhosa. É tudo conectado, tudo tem um porquê e eleva ao principal: entrar ao mistério. O leigo que entra sem essa explicação talvez não consiga ver a beleza bíblica que está muito bem conectada. Não é um elemento solto, mas sim com significado", afirma.
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