Os atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, celebraram a resistência e a luta nesse domingo, 5 de novembro, data que completou dois anos da maior tragédia socioambiental do país. Em Gesteira, distrito de Barra Longa, a missa foi celebrada em frente as ruínas da igreja de Nossa Senhora da Conceição. O coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Geraldo Martins, e o pároco, padre Rodrigo Marcos Ferreira, presidiram a missa.
“Há dois anos o rompimento da barragem, desfigurou com a vida, destruiu sonhos e feriu de morte a muitos e também a natureza. Hoje, nós estamos aqui para celebrar a resistência e a luta daqueles que buscam a justiça e a defesa dos seus direitos. Essa Jerusalém celeste é construída nesta cidade terrena, nesta vida, com tudo o que ela tem de bom e de ruim. E como cristão somos movidos pela fé, para vencer todas as dificuldades”, disse padre Geraldo.
Padre Geraldo ressaltou que lembrar os dois anos desse crime socioambiental é pedir que os atingidos sejam ouvidos e tenham os seus direitos garantidos. “Nós queremos que de fato os atingidos e as atingidas sejam ouvidos, que eles sejam protagonistas na reconstrução de suas vidas, de sua história e de seus sonho. Nós queremos que os órgãos competentes tenham sensibilidade e se coloquem no lugar dos atingidos e que haja mais atitude”, afirma o sacerdote.
A celebração contou com a presença de atingidos de Gesteira, Barra Longa, Resplendor, Aimorés, do prefeito de Barra Longa, Elísio Pereira Barreto, e militantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).
Para a professora Antônia Aparecida Cota, mesmo diante da dor é preciso manter a esperança. “Temos que manter a esperança. Foi difícil tudo o que aconteceu, perdemos muito, mas tudo ainda pode mudar. É triste lembrar do que aconteceu. É triste ver as pessoas distantes, mas não podemos parar. Sou de Barra Longa, mas moro há 20 anos em Gesteira, e essa missa é a celebração da vida e da esperança para mim e muitas pessoas que estão aqui”, ressalta.
Ao longo do dia outras celebrações, em Barra Longa, Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Mariana, foram realizadas para reafirmar a luta pelos direitos. Ao final da missa foi lida a Declaração dos bispos das dioceses da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e o manifesto dos atingidos.
Realidade de Gesteira
Dois anos depois, as famílias de Gesteira esperam o reassentamento e a reconstrução dos espaços coletivos. Na comunidade, são 20 famílias que vivem na incerteza, apesar do terreno Macacos ter sido escolhido em 25 de junho de 2016. Nenhuma resolução para a compra do terreno ou para o início das obras, que também envolvem reconstrução de igreja, salão comunitário e campo de futebol, foram feitas.