Côn. Tarcísio Sebastião Moreira
O Dízimo é sinônimo de partilha e solidariedade, um jeito de ser igreja. Ele está fundamentado na ação evangelizadora de Jesus que, por ocasião da multiplicação dos pães, onde, segundo o evangelho, uma criança disponibiliza tudo o que tem, cinco pães e dois peixes, com os quais o Mestre alimenta cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças; é o convite de Jesus para que, libertos do egoísmo e da indiferença, passemos a olhar a Igreja como comunidade de irmãos na partilha do que somos e do que temos.
A oferta do que somos e temos nos leva ser mais Igreja. Nos faz uma Igreja, unida na caridade e no serviço, onde todos participem com seus talentos, dons e carismas para edificar o Reino. Uma Igreja Povo de Deus, onde o dízimo possa realizar em nossas comunidades a opção preferencial de Cristo pelos pobres. Que os mais simples se encontrem e se sintam amados e membros ativos nas comunidades cristãs. Que não sejamos uma Igreja de elitizada, mas de irmãos que amam a Deus e O servem. O cristão consciente, dizimista, deixa de ser número para ser membro ativo, deixa de ser lâmpada apagada e passa a iluminar a realidade. Não nos preocupemos com a quantidade de cristãos, e sim com a qualidade deles. Ser dizimista é dar passos de qualidade na vida da comunidade. É fazer a diferença no serviço amoroso e edificador.
A Pastoral do Dízimo nos ensine a olhar os nossos irmãos da Igreja como singulares, únicos. Para cada coração um cuidado, para cada família uma palavra. Que as pequenas comunidades de bairro, ruas, vilas sejam motivadas para o estudo e a encarnação do Evangelho. Que a dinâmica do dízimo em cada comunidade leve ao seu centro, à pessoa de Cristo. Jamais podemos esquecer de que Ele é a razão de estarmos na Igreja; Ele é Cristo o Caminho, a Verdade e a Vida.
O Padre sozinho não é Igreja. Que cada leigo assuma seu compromisso de batizado ocupando seu espaço dentro da Igreja, não apenas nas críticas ou ajudas financeiras, mas atuando como agente formador e transformador na comunidade. Que o Espírito Santo seja o farol, o Norte de nossas comunidades, realizando em nossos corações seus feitos, e que seus frutos, bem como seus dons, de modo especial a caridade, realizem novo ardor missionário no projeto da evangelização. Que as semelhanças nos unam e que as diferenças de linguagem e método ajudem no enriquecimento de nossas comunidades. A prática do dízimo leva ao respeito mútuo e nos dá a liberdade de expressão.
A missão da Igreja é anunciar a presença do Reino de Deus no mundo. Para tal deve enviar homens evangelizados a todos os setores da sociedade em todas as partes do mundo, realizando o grande projeto de Cristo. O desafio da Igreja moderna é estar à frente das exigências dos nossos tempos. Para isso não pode ser estática, presa as estruturas e sistemas. É necessária muita criatividade e movimento constante. Ser atual em sua forma de comunicar, tendo como raiz a verdade evangélica.
Portanto, que a Pastoral do Dízimo possibilite a edificação do Reino nos fazendo Igrejas vivas do Senhor, comprometidos com a solidariedade e a partilha, a comunhão e a missão; abertos à ação do Espírito Santo e disponíveis para comunicar Jesus Cristo, Palavra eterna do Pai; a Pastoral do Dízimo é libertadora e nos propõe uma caminha espiritual que nos configure a Jesus assumindo seu jeito de ser e agir no mundo. Livre e libertos, na partilha e no serviço, possamos edificar o Reino, porque tudo o que somos e temos provem de uma única fonte misericordiosa, nosso Deus, e, ser dizimista, é devolver a este Pai Amoroso, como gesto de gratidão, parte da nossa herança. Somos filhos pródigos buscando o caminho de volta para a Casa do Pai... não podemos chegar de mãos vazias... vamos ser Igrejas vivas do Senhor, sacramento do amor no meio do mundo!