A caminho de uma Igreja pobre com os pobres

14/12/2017 às 10h57

A 25ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, realizada nos dias 24 e 25 de novembro passado, inspirada no Projeto Arquidiocesano de Evangelização (PAE 2016-2020) e no Ano Nacional do Laicato, refletiu sobre como tornar a Arquidiocese de Mariana uma Igreja em saída a serviço do Reino de Deus. Os mais de 120 participantes, entre leigos e leigas, religiosas, seminaristas, diáconos e padres, juntamente com nosso pastor, Dom Geraldo, aprofundamos a reflexão sobre a proposta de uma Igreja verdadeiramente missionária, que leve a força transformadora do Evangelho a todos os cantos da arquidiocese, a partir das “periferias” existenciais e geográficas às quais não chegou ainda a luz da Boa Nova anunciada por Jesus Cristo. 

A maturidade e a profundidade dos debates, iluminados pelas conferências do padre Lúcio Álvaro e da Leci Nascimento, refletiram-se no trabalho dos grupos que indicaram as periferias que haverão de merecer a atenção de nossa ação evangelizadora nos próximos três anos. De nove periferias indicadas, foram escolhidas três para serem trabalhadas, nessa ordem, a partir de 2018: Pobreza, Juventude e Família. As outras seis – afastados, educação, mundo da política, dependência química, preconceito e mulher – não ficarão esquecidas, considerando que todas dialogam entre si.

É providencial que dediquemos o ano de 2018 à solidariedade aos pobres e ao combate à pobreza, uma periferia na qual se encontra a maior parte do povo de nossas comunidades, reflexo de um país em crise profunda. Assistimos estarrecidos ao desmonte de conquistas importantes no campo social e dos direitos humanos. O fantasma da fome e da miséria, embora não tivesse desaparecido por completo, reaparece de forma avassaladora. As reformas defendidas pelo atual governo, ilegítimo e sem nenhum apoio popular, apontam para os interesses de grupos econômicos, ignorando completamente os empobrecidos. Além disso, no próximo ano teremos eleições e o clima não favorece nem sugere mudanças que façam renascer a esperança dos brasileiros. 

No cenário eclesial, fazer-se presente na periferia “pobreza” em 2018 soou como uma decisão de inspiração divina já que, nesse ano, celebraremos o cinquentenário da segunda Conferência do Episcopado da América Latina e Caribe, a Conferência de Medellín, na qual a Igreja fez a opção preferencial pelos pobres. Será ótima oportunidade de reassumirmos, em nossa Igreja particular, essa opção que traduz de forma exemplar a “Igreja pobre para os pobres”, desejada pelo papa Francisco (EG, 198).

A expectativa é de que as pastorais, associações, movimentos e serviços eclesiais em todas as instâncias da arquidiocese assumam de maneira sistemática essa periferia como horizonte e limite de sua atividade evangelizadora. Inspirem-nos as últimas palavras de Dom Luciano: “não se esqueçam dos pobres”, lembrados de que somos chamados “não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles” (EG 198).  

 

Pe. Geraldo Martins
Coordenador Arquidiocesano de Pastoral


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