CEBs e pobreza na cidade

10/01/2018 às 11h44

 Londrina, no Paraná, será, se assim podemos dizer, a capital da Igreja no Brasil, nos dias 23 a 27 deste mês, ao sediar o 14º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Mais de três mil pessoas deverão participar deste encontro que cresceu em organização e participação desde sua criação em 1975. Como um novo Pentecostes, os Intereclesiais são espaço privilegiado de troca experiências das CEBs de todo o Brasil e, ao mesmo tempo, sua fonte de inspiração e animação.

Ouvindo o que o Espírito diz às Igrejas (cf. Ap 2,7), as CEBs refletirão em Londrina os desafios que o mundo urbano apresenta à evangelização, convencidas de que Deus habita a cidade e aí também ouve o clamor de seus filhos e filhas e desce para libertá-los (cf. Ex 3,7). Nada mais oportuno, quando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelam que, em 2015, a população brasileira que mora na cidade atingiu 84,7%, chegando a 93% na região sul.

Na mesma proporção em que crescem as cidades, multiplicam seus desafios com consequências evidentes no trabalho pastoral. Um desses desafios é a pluralidade. Num mesmo espaço reúnem-se pessoas, grupos e famílias de origem e costumes diversos. Harmonizar sua convivência na perspectivas de que vivam como irmãos, uns se preocupando com os outros, não é tarefa pequena.

Nesse ambiente tão plural e diverso, interligado por redes que fazem vencer facilmente as barreiras do tempo e do espaço, a ideia de comunidade, identidade do cristianismo, vai ficando cada vez mais longe. O individualismo se fortalece e as relações de proximidade e vizinhança, tão comuns na vida rural, ficam cada vez mais tênues. Contribuem para isso medidas de segurança – cercas elétricas, interfones, câmeras etc - que, sempre mais, encarceram as pessoas em suas próprias residências.

A qualidade de vida também fica comprometida para a grande maioria da população que, expulsa para as periferias das cidades, se vê excluída dos serviços essenciais como saúde, educação, transporte, moradia, saneamento básico, segurança, lazer. Pesquisa do IBGE divulgada no mês passado mostra que três em cada quatro moradores de centros urbanos vivem em más condições de vida.

O Projeto de Evangelização (PAE) de nossa arquidiocese, em vigor desde o final de 2016, já nos chamava a atenção para a urgência de uma Pastoral Urbana, considerando que somos “uma arquidiocese cada vez mais urbana”. A pobreza, “periferia” escolhida para ser trabalhada neste ano de 2018, encontra sua forma mais aguda nas cidades com o que elas têm de bom e de mal. Revitalizar as Comunidades Eclesiais de Base de nossa Arquidiocese, de modo a torná-las o lugar de todos, especialmente dos pobres, sobretudo nas cidades, é caminho seguro para vencer os desafios que o mundo urbano nos coloca.  

 

Pe. Geraldo Martins
Coordenador Arquidiocesano de Pastoral


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