Jesus, o pregador da Boa Nova

29/01/2018 às 11h04

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Admirável a atividade evangelizadora de Jesus a serviço dos doentes e dos dominados pelo demônio e, depois, um momento de intensa prece para, em seguida, pregar por toda a Galileia (Mc 1,29-39). Neste ritmo Ele proclamava ser para isto o que Ele viera fazer neste mundo a ser redimido com seu precioso sangue. União contínua com o Pai e solidariedade ininterrupta com os homens. Esta realidade foi bem retratada na Carta aos Hebreus: “Em tudo semelhante aos seus irmãos e, ao mesmo tempo, acreditado junto de Deus” (Hb 2,17). Através dos tempos Ele continuaria a atrair o entusiasmo de milhares de seguidores arrebatados pela sua figura singular. Na medida em que cresceria a união de seu discípulo com Ele, ocorreria a remodelação da vida do cristão. Este se empenharia em reproduzir o exemplo do Mediador, procurando a união com o Pai e a comunhão com os irmãos e irmãs. Tal a sublime trajetória dos que O seguiriam, ou seja, sentir-se-iam filhos amados do Pai, possuindo um coração aberto para as realidades celestes e engajados no cuidado pela redenção de todos. Nos instantes de prece todos os fiéis a perceberem o eco de seu Coração divino ansioso por fazer chegar ao mundo o processo salvador. Ele multiplicaria seus carismas dentro de sua Igreja, incentivando a todos a serem também pregadores da Boa Nova. O cristão sempre na alheta de Cristo orante e missionário. Pelo testemunho de vida, pela palavra oportuna, pela oração constante todos imitando o divino Pregador, difundindo o Evangelho a ser intensamente vivido. A ação de seu espírito conduz para uma existência espiritual verdadeira que precisa ser comunicada lá onde atua seu seguidor com todas as dimensões de sua potencialidade individual e coletiva. Tudo isto supõe captar a pulsação íntima e secreta da própria consciência que urge uma atitude iluminadora por toda parte sem se deixar fechar num comodismo condenável. Uma disponibilidade permanente para fazer o bem que é de si difusivo e que transforma o contexto no qual vive o verdadeiro cristão. No meio familiar ou profissional uma ação que regenera porque o apostolado não pode parar nunca. Jesus era o Pregador da Boa Nova dado que Ele almejava a salvação de todos, o progresso espiritual dos que O viam e ouviam. Eis aí a missão de seus discípulos, pois o serviço essencial de Jesus era anunciar o Evangelho. Compreende-se então o clamor de São Paulo: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1 Cor 9,16), Evangelizar é saber escutar os outros, despertando neles uma fé profunda, É fazer brilhar o Reino de Deus. O Papa Francisco mostrou como cada cristão é desafiado a ser ativamente empenhado na evangelização, dado que tendo experimentado o amor salvador de Deus o quer transmitir por toda parte. Trata-se de uma realização pessoal de grande alcance, fruto da relação com Cristo. O cristão permeado pelo amor de Jesus se deixa conduzir pelo Espírito Santo, enxertado que se acha na cruz salvadora. Testemunha deste modo sua fé que rebrilha em sua vida e em suas atitudes e palavras. Deste modo se poderá abrir uma brecha até no coração de um ateu. Algo começará a trabalhar sua mente e seu coração. Tudo isto trás renovada alegria como mostrou o papa Francisco na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. Explicou o papa a razão disto: “E que o mundo do nosso tempo, busca, às vezes com angústia, às vezes com esperança, que possa receber a boa notícia não de evangelizadores abatidos, desanimados, impacientes ou ansiosos, mas de Ministros do Evangelho, cuja vida irradia com fervor, a alegria de Cristo”. Por tudo isto a obra evangelizadora nunca termina, mas recomeça sempre com todo ardor. Jesus disse aos apóstolos: “Vamos a outro lugar, às vilas circunvizinhas para também ali pregar”. É que é preciso ir ao encontro das pessoas para que elas sejam transformadas pela Verdade que é Cristo. Ele quer iluminar, fortificar, libertar com sua sabedoria e seu amor. Tudo isto supõe que o cristão saia de sua zona de conforto para se se sentir responsável pela irradiação da Palavra de Deus. Cada um se sente então membro de uma comunidade que a exemplo de Jesus prega a Boa Nova por toda parte.

* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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