Jesus, o taumaturgo poderoso

05/02/2018 às 16h27

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Entre os numerosos milagres operados por Jesus a cura de um leproso foi um fato realmente notável (Mc 1,40-45). Com efeito, ele era considerado impuro, intocável, pecaminoso, visto como alguém tocado por um castigo divino. Como todos os outros leprosos um banido da sociedade. Era impedido de entrar numa cidade ou aldeia e todas as pessoas deveriam dele se afastar para não se tornarem também contaminados. Eis porque São Marcos desceu a detalhes dizendo que aquele leproso se lançou de joelhos e, por entre ardente súplica, num admirável ato de fé clamou ao já famoso taumaturgo: “Se quiseres, podes me limpar”. Era a grande chance de sua vida para recobrar a saúde e ser aceito na sua comunidade. Seu gesto comoveu o coração de Cristo que o tocou e como senhor poderoso afirmou: “Quero, sê limpo!”. Era o Servo de Deus entre os homens a fazer o bem por onde passava. Ele pediu discrição ao miraculado, porque agia sempre por misericórdia e não para dar espetáculo. Daí sua ordem àquele homem feliz com sua cura: “Não digas nada a ninguém”. Ele, contudo, movido pela grande alegria que dele se apossara passou a divulgar fato tão extraordinário. Resta-nos também uma profunda admiração pelo ocorrido: o contágio da lepra afastava todo mundo do leproso, mas o contato da santidade de Cristo atraia todos para junto de si. Antes era o leproso que não podia entrar na cidade por causa do termo dos habitantes, agora era Jesus que nas cidades não podia mais entrar por causa do entusiasmo das multidões. Refugiava-se em lugares desertos como notou o Evangelista, as de toda parte as pessoas vinham ter com Ele. Note-se, contudo, que a confiança do leproso, sua espontaneidade, a veemência de sua súplica foram ingredientes básicos para ser prontamente atendido. Jesus quis então atendê-lo. Ele quer sempre a qualquer momento de nossa vida vir em auxílio de quem suplica com fé e simplicidade. Muitas vezes, Jesus não agirá logo. Ele atenderá no instante oportuno e é preciso esperar a hora da graça. Nunca, porém, faltará a força de sua amizade, de sua misericórdia, de sua ternura. Quanto mais a Ele se pedir a cura do corpo e da alma e se sentir indigno de ser atendido, mais Ele amará a que não se entregar à desolação. Este dirá sempre a Ele: “Tua graça me basta, é ela que eu imploro”. É preciso que cada um se abra sempre à misericórdia de Jesus. Mais do que o afastamento do mal físico, Ele quer lançar fora o pecado que é uma lepra espiritual horripila. Quem de joelhos pede intensamente sua ajuda triunfa da iniquidade e seus malefícios. Quem se reconhece pecador encontra junto de Cristo o remédio para sanar seus erros com todas as suas consequências. Quer para as doenças físicas ou espirituais é preciso confiança e humildade perante o poderoso Taumaturgo. Como outrora Ele continua a operar prodígios para o corpo e quanto à alma. Ele afirmou: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2,17). Ele quer nos sarar física e espiritualmente, mas espera uma atitude como o do leproso que foi até Ele lançando a seus pés e formulando com sabedoria seu pedido. Jesus nos salvará e nos tornará livres de todos os males. Obtidas as graças é preciso depois proclamar as maravilhas de Deus. Tamanha foi a alegria do miraculado do Evangelho de hoje que Ele até se esqueceu da ordem dada por Jesus de não divulgar tão grande benefício recebido. Foi tomado por uma grande alegria que bem expressava sua gratidão. Curado inteiramente já podia conviver tranquilamente na sociedade que não mais o repeliria de seu meio. É que todas as graças obtidas de Deus trazem consigo uma grande responsabilidade social, ou seja, uma maior participação ainda na evangelização na comunidade em que se vive. Mesmo quando a proteção divina significa suportar com paciência as dores e contrariedades e tais aflições podem ser aplicadas para a conversão dos pecadores e para o bem comum. Todos somos responsáveis uns pelos outros. É assim que se deve viver no Reino de Cristo. Ele chama cada um a viver ao nível de todos como Ele mesmo vive no meio de seu povo. Mesmo tendo que temporariamente que ir para lugares desertos, de toda parte vinha pessoas ter com ele, como acentuou São Marcos no Evangelho de hoje. Temos também que ser sempre responsáveis, solidários.

* Professor no Seminário de Marianadurante 40 anos.


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