Superar a violência

19/02/2018 às 09h31

Pe. Geraldo Martins

 

A Campanha da Fraternidade deste ano traz um tema que nos desafia a todos: a superação da violência. Para atingir esse objetivo, a Igreja aposta na construção da fraternidade pelo tríplice caminho da cultura da paz, da reconciliação e da justiça. Trata-se de um caminho exigente, considerando o nível atingido pela violência e a tendência sempre crescente de combatê-la por meio do ódio e da vingança.

É preciso reafirmar, como nos lembra o Texto Base da Campanha da Fraternidade, que “a violência não é um caso apenas reservado ao tratamento policial, à lei, mas é uma questão social que requer a atenção e a participação de toda sociedade para ser enfrentada”. Por isso, também a Igreja, através das comunidades, das equipes pastorais e dos vários serviços de evangelização, tem grande responsabilidade na tarefa de desenvolver ações que erradiquem a violência que gera medo, insegurança e sofrimento.

Quando falamos de violência, contudo, devemos alargar nosso olhar e nossa reflexão, evitando reducionismos quanto ao seu significado e alcance. Da mesma forma, não podem ficar fora do debate suas causas e raízes, se quisermos realmente estabelecer estratégias para sua superação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, “a violência se caracteriza pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas. Essa violência pode resultar em dano físico, sexual, psicológico ou morte”. Essa definição nos faz perceber, portanto, que a violência vai além daquela que entra todos os dias em nossas casas, como um tsunami, pelos meios de comunicação, especialmente, a televisão e a internet.

Há uma tendência em reduzir a violência às estatísticas dos homicídios que, de fato, são estarrecedoras (61,6 mil em 2016, de acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública), ao trânsito que mata mais de 40 mil por ano ou a outras agressões físicas selecionadas pela mídia. Com isso, ocultam-se outras formas de violência tão presentes no nosso cotidiano como a psicológica, a doméstica, contra mulheres, idosos, jovens e crianças.

Os cristãos somos movidos pela força do Evangelho que nos ensina a vencer todo ato de violência com amor e perdão. Só seremos capazes de praticar essas virtudes quando enxergamos o outro como irmão e não como um estranho, um concorrente, a quem se busca eliminar a todo custo como se ele fosse uma ameaça.

Fazer da não violência nosso ideal de vida implica um caminho de conversão radical em nossa forma de nos relacionar com os outros e com a natureza. Significa comprometer-nos com uma justiça que tenha como base e inspiração a misericórdia e o amor. Exige nosso engajamento na promoção e defesa dos direitos humanos e efetiva atuação na comunidade política, visando à sua transformação em busca do bem comum, afinal, somos todos irmãos!


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