Pe. Geraldo Martins
O Ano Nacional do Laicato, aberto na festa de Cristo Rei, em novembro do ano passado, convida-nos a aprofundar nossa reflexão sobre a vocação dos cristãos leigos e leigas, na Igreja e no mundo. Nascida no batismo, esta vocação os torna protagonistas da “Nova Evangelização, da Promoção Humana e da Cultura Cristã”, como afirmaram os bispos da América Latina e Caribe, na Conferência de Santo Domingo (1992). Nesta Conferência, os bispos manifestaram o desejo de que a linha prioritária da pastoral da Igreja na América Latina e Caribe fosse “a de uma Igreja na qual os fiéis cristãos leigos sejam protagonistas” (SD, 98).
Para viver esse protagonismo, os cristãos leigos e leigas precisam se livrar do clericalismo e da tentação do intraeclesial, penetrando, sempre mais, os ambientes socioculturais, inspirando-se no Evangelho e na Doutrina Social da Igreja para serem agentes de transformação da sociedade (SD, 98). Isso faz lembrar o que diz o Vaticano II: “os leigos são chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles lugares e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser sal da terra. Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja ‘segundo a medida concedida por Cristo’” (LG, 33)
A CNBB, no Documento 105, assume o protagonismo dos leigos e leigas ao afirmar que eles são “sujeitos eclesiais”, em consonância com a Conferência de Aparecida (2007). Só assim poderão ser “sal da terra e luz do mundo”, como ensina Jesus (cf. Mt 5,13-16). O cristão leigo é verdadeiro sujeito “quando cresce na consciência de sua dignidade de batizado, quando descobre que sua liberdade, autonomia e relacionalidade não são apenas características de cada ser humano maduro, mas quando experimenta essas características como dom do Cristo crucificado e ressuscitado” (Doc. 105 – CNBB).
Na Arquidiocese de Mariana, assistimos com alegria ao crescimento da participação dos cristãos leigos e leigas na vida de nossas comunidades eclesiais. Eles estão presentes nas equipes pastorais, nos movimentos, nas associações e nos serviços de evangelização, animando e coordenando as comunidades. Embora em número menor do que gostaríamos, nós os vemos também no engajamento pela transformação social, esforçando-se para atuar no “vasto e complicado mundo da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos mass media”, como nos lembra Paulo VI.
Esperamos que o Ano do Laicato seja ocasião de nossa Arquidiocese reafirmar seu compromisso com o protagonismo dos leigos, escancarando-lhes as portas a fim de que, de forma madura e consciente, assumam sua missão de tornar nossas paróquias e comunidades uma Igreja discípula, missionária, profética, misericordiosa, servidora e ministerial.