Nesta guerra desigual, a violência parece vencer. Parece, porque quem pratica a violência sempre perde. Pode até achar que ganha. É o assassinato da vereadora, que defendia os direitos humanos, também de policiais. É a morte brutal, como foi em Mariana no distrito de Barro Branco, do pai na frente da família. É o casal encontrado morto com requintes de crueldade; é o(a) jovem, cujo corpo ficou tão desfigurado, que depois de violentado(a) e torturado(a) tornou-se irreconhecível. É a mãe ameaçada e agredida pelo filho de 14 anos, atraído e já tragado pela crueldade do mundo. E por aí vai...
Nem o sacrário da igreja de Pe Viegas e de outras capelas foram respeitados. O Santíssimo sacramento profanado e Jesus sofrendo mais ultrajes nos crucificados(as) de hoje. Em 2014, foram 59.627 assassinatos, praticamente a população de Mariana. A violência estrutural está presente no desvio dos recursos econômicos, que vêm dos impostos pagos pela população e mantêm no poder os que concentram, exploram e manipulam. O que seria para investir na educação, segurança e demais políticas públicas não chega onde deveria chegar. As cadeias superlotadas, insegurança, medo, descrença, desespero, indignação, revolta, indiferença. A CF 2018 chega ao domingo de ramos, sem atingir os objetivos específicos, como a superação da violência, a partir do diálogo, misericórdia e justiça, valorização da família e escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz, identificação e reivindicação das políticas públicas, análise das múltiplas formas de violência provocadas pelo tráfico de drogas etc.
Houve celebração das vias sacras, penitência, eucaristia, passeatas, seminários, blocos de carnaval e escolas de samba com temáticas enfocando a realidade da violência e apelo pela paz. Entramos na semana santa. Jesus de Nazaré, o Messias enviado, sofreu pelos pecadores e santos, pobres e ricos, exploradores e explorados, perdoando quem o crucificava, entregando-se por entranhado amor, sendo obediente até a morte e morte de cruz. A Páscoa da nova e eterna aliança firmada no madeiro, antecipada na última ceia, é renovada em cada celebração dominical e diária. Pedimos ao cordeiro imolado, que tenha piedade de nós, nos perdoe e nos dê a paz. Por maiores que sejam nossas atrocidades, seu amor se expande-se e transforma os corações dos que se abrem à sua misericórdia e procuram ser irmãos de verdade.
Pe Geraldo Barbosa