Pe. Geraldo Martins
Coordenador Arquidiocesano de Pastoral
Duas importantes romarias marcam a Arquidiocese de Mariana neste ano. A primeira, já tradicional, é a Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras que, em sua 28ª edição, ocorrerá na cidade de Congonhas, no dia 1º de maio. Criada em 1991 pela forania de Ponte Nova como gesto concreto da Campanha da Fraternidade daquele ano que tinha como lema “Solidários na dignidade do trabalho”, esta Romaria se consolidou como a manifestação mais forte daArquidiocese em solidariedade à luta dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
Realizada durante muitos anos no Santuário Nossa Senhora das Graças, em Urucânia, com o passar do tempo, a Romaria tornou-se itinerante e foi acolhida por outras cidades de nossa Arquidiocese. Preparada e organizada através de um longo processo, envolve muita gente e ajuda a quem dela participa, especialmente, a população da cidade que a acolhe, a tomar consciência tanto da dignidade dos/as trabalhadores/as quanto das constantes violações de direitos no mundo do trabalho.
Realizada em sintonia com o tema da Campanha da Fraternidade e com a realidade dos/as trabalhadores/as, a Romaria é expressão de uma evangelização encarnada, comprometida com os mais vulneráveis, com a justiça e com os valores do Reino de Deus. Neste ano, por exemplo, vamos refletir sobre a mineração e suas consequências para as populações que vivem nas regiões onde essa atividade dá o tom da economia e das relações sociais. “Mineração para que e para quem?” é a pergunta provocativa que tematiza a Romaria, acompanhada da desafiadora proposta “Por uma economia a serviço da vida”.
A segunda romaria acontecerá no dia 3 de junho em Ponte Nova. Trata-se da 3ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, promovida e organizada pelas dioceses de Mariana, Itabira/Fabriciano, Caratinga, Governador Valadares. Dela participam também as dioceses do estado do Espírito Santo.
Criada a partir do crime da Vale/BHP/Samarco com o rompimento da barragem de Fundão, no subdistrito de Bento Rodrigues, município de Mariana em 5 de novembro de 2015 (é preciso sempre frisar a data para não esquecer), esta Romaria se propõe a discutir a Bacia do Rio Doce como nossa Casa Comum a partir do lema “Cuidando da Terra e Plantando Água, com Justiça e Soberania Popular”.
Os romeiros e romeiras destas duas Romarias são identificados, antes de tudo, pela fé. Sua caminhada, não sem sacrifício, lembra a peregrinação do povo de Deus em busca da terra prometida, símbolo da libertação. Além disso, as duas Romarias assumem a causa comum da promoção e defesa da vida em todas as suas expressões por meio da denúncia de uma economia que explora os trabalhadores e trabalhadoras, que dobra os joelhos diante do deus dinheiro, que degrada a natureza e fere de morte a Mãe Terra.
Unamo-nos todos em torno dessa causa comum e façamos valer a profecia que deve mover todo discípulo de Jesus Cristo no seu compromisso de construir o reino de Deus que começa no hoje de nossa história.