Receber o Espírito Santo

15/05/2018 às 17h17

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Ao aparecer aos Apóstolos reunidos no cenáculo Jesus Ressuscitado lhes dá esta solene comunicação: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio [...] Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,19-23). Na festa de Pentecostes cumpre captar realmente toda a amplidão destas palavras do Mestre divino. Ao dar o dom do Espírito Santo aos Apóstolos Ele mostrava que a missão que lhes confiava teria como suporte a presença da Terceira Pessoa da Trindade Santa. Por participar todo batizado do múnus profético de Cristo ele está incluído na tarefa de difundir a salvação libertadora A obra da salvação passaria de geração em geração através de seus colaboradores. Os Apóstolos e seus sucessores teriam o poder de perdoar os pecados, mas todos os fiéis deveriam ser anunciadores desta maravilha resultante da obra redentora. Honra imensa para todos os batizados serem atualizadores do fruto de salvação no mundo. Irradiar seja onde estiverem a paz oferecida por Jesus através do amor que liberta e salva Estamos vivendo o ano dedicado aos leigos e esta atuação significa a reabilitação daqueles que desprezam a si mesmos entregues às drogas e a tantos outros vícios como a ira ou numa lamentável autodestruição. Cabe a quem se entrega a um apostolado efetivo ajudá-los a sair de suas prisões interiores para depois receberem no Sacramento do Perdão a anistia completa de Deus, libertos da culpabilidade. Ajudar os outros na sua complexa problemática é uma tarefa realmente salutar. É participação gloriosa no projeto de Deus sob as luzes do Espírito Santo. Este chega a fim de realizar na Igreja uma nova criação para criaturas renovadas, restauradas na Ressurreição de Cristo. O Espírito Santo vem para fortificar no testemunho que cada batizado deve dar à Verdade que é o próprio Cristo. Ele vem a fim de robustecer na fé a ser comunicada por toda parte. A missão de Jesus prossegue e completa cotidianamente na sua Igreja graças aos socorros e à força do Espírito que lhe é dado. Pentecostes é, de fato, o marco do início da História da Igreja, quando ela começa a se manifestar ao mundo. Jesus diz claramente: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Tratava-se de evangelizar por toda parte. Diz o Evangelho de hoje que os discípulos por medo dos judeus estavam reunidos, fechadas as portas do lugar em que se achavam. Agora, porém, era preciso vencer todos os temores e deviam sair para anunciar o Evangelho. Confiança total na graça divina, no amor misericordioso de quem vencera a morte. O Espírito Santo era-lhes dado para contribuir na libertação dos irmãos a serem convertidos à fé. A Igreja seria em todas as etapas da história a presença contínua de seu Fundador. Hoje é um dia de exame de consciência para que cada um verifique como tem sido o arauto da doutrina do Mestre divino através do exemplo, da palavra, das orações. Na medida do possível inúmeros são aqueles que se engajam nos diversos movimentos de apostolado oferecidos pelas Paróquias. Pelo diálogo, porém, todo o cristão pode ostentar um gesto de apostolado que signifique uma orientação para ao que vacilam. Uma palavra de ânimo reergue aquele que titubeia. Para o verdadeiro cristão deve haver um Pentecostes contínuo. Eis porque o Espírito Santo é tantas vezes invocado. Implora-se para que Ele encha o próprio coração e acenda nele o fogo de seu amor. Ele vindo, o cristão se torna operoso e pode renovar a face da terra. Este Espírito divino ensina a pensar e a agir retamente e repleta a alma com suas consolações. É dele que vem toda esperança e todo conforto, sabedoria e ciência. Ele vela pelos passos dos que a Ele confiam suas preocupações e seus deveres religiosos. Então é possível servir a Deus com sinceridade e santidade verdadeiras, liberto o fiel de todas as insídias do maligno, das feras da maldade. Eis por que é preciso cultivar e colher os frutos do Espírito Santo, os quais o Apóstolo Paulo na sua Carta aos gálatas, conforme está na Vulgata, assim enumera: “a caridade, o gozo, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade" (Gal 2, 22). É necessária ainda suplicar os sete dons, pelos quais o cristão tem fortaleza por entre os embates da vida, possui a inteligência para penetrar os segredos da Palavra divina, cultiva o temor, isto é, o medo de perder a Deus, faz crescer uma piedade autêntica, uma sabedoria admirável, recebendo sempre conselhos do Alto e, pela ciência, contempla o Criador nas maravilhas espalhadas nesta terra. Para que tudo isto se torne uma realidade cumpre uma total maleabilidade às inspirações do Espírito Santo, acatando sem cessar seus recados que dirigem, iluminam e aperfeiçoam. É, deste modo, que se recebe num coração sincero o Espírito Santificador.

* Professor no seminário de Mariana durante 40 anos.

 


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