Pe. Geraldo Martins
A Arquidiocese de Mariana se despede, neste mês, de seu arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha, cuja renúncia foi aceita pelo papa Francisco no final de abril. Foram onze anos de um pastoreio marcado pelo compromisso com a construção de uma Igreja particular fiel ao evangelho, comprometida com a vida e a justiça.
Com serenidade e sabedoria, Dom Geraldo deu continuidade à caminhada pastoral da Arquidiocese implementada por Dom Luciano, destacando-se, sobretudo, na valorização da participação dos leigos e leigas, nas decisões colegiadas, na organização das comunidades, na confiança nos padres e diáconos, no incentivo aos seminaristas, na defesa dos direitos humanos, no compromisso com a dimensão social da fé, no reconhecimento e defesa da arte e da cultura, patrimônio de nossa Arquidiocese.
A sucessão, na Igreja, não se dá como em outras organizações da sociedade em que, quem está saindo, faz um balanço de sua “gestão”, enaltecendo-se a si mesmo e exaltando seus feitos. Contudo, é natural que reconheçamos a ação de Deus naqueles que colocou à frente de seu povo e elevemos nossa ação de graças por sua presença e trabalho. É isso que, reconhecidos, fazemos neste momento em que nos despedimos de Dom Geraldo.
Desde que teve aceita sua renúncia, Dom Geraldo, tornado Administrador Apostólico de nossa Arquidiocese, tem recebido justas e merecidas homenagens por sua obra de evangelista na primaz de Minas Gerais. Sem diminuir o ritmo ou mudar a agenda nesse tempo de transição, dá um belo testemunho de que a sucessão na Igreja constitui um processo natural na vida de quem se põe a servir como ensina o Evangelho.
Em fevereiro deste ano, o papa Francisco publicou um documento em que fala da necessidade de aprender a despedir-se. Diz o papa: “Quem se prepara para apresentar a renúncia precisa preparar-se adequadamente diante de Deus, despojando-se dos desejos de poder e da pretensão de ser indispensável. Isto permitirá que atravesse com paz e confiança esse momento, o qual, caso contrário, poderia ser doloroso e conflitual”.
Dom Geraldo se preparou muito bem para esse momento. Em seus discursos de despedida e agradecimento diz serenamente: “terminou a função, mas não a missão”. Esta é mais uma obra de evangelista, sua última lição como nosso pastor.