A santidade é o rosto mais belo da Igreja

19/06/2018 às 13h53

Uma reflexão a partir da Gaudete et exsultate

O discipulado é para nós motivo de louvor e exultação: Deus nos dá a graça de experimentar sempre mais forte o seu amor por nós. Sensíveis à bondade de Deus e caminhando juntos, verdadeiramente, podemos perceber que a santidade é o rosto mais belo da Igreja, porque revela, pela vida dos santos, o amor de Deus na constante dedicação de “em tudo amar e servir”!

Quando conhecemos melhor a história do povo de Deus e dos discípulos de Jesus, vamos percebendo como a sensibilidade para as coisas simples revelam a ação de Deus. Lembremos do profeta Elias em visita à viúva, que só tinha um resto de farinha e um pouco de azeite, mas não hesita em partilhar: “a vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra!” (cf. 1Rs 17,7-16). Depois como Jesus incita seus discípulos a observar os detalhes: o pequeno detalhe do vinho que estava a acabar numa festa; o pequeno detalhe de uma ovelha que faltava; o pequeno detalhe da viúva que ofereceu as duas moedinhas que tinha; o pequeno detalhe de pedir aos discípulos que vissem quantos pães tinham; o pequeno detalhe de ter a fogueira acesa e um peixe na grelha enquanto esperava os discípulos ao amanhecer.

A união nos faz fortes e nos coloca em maior comunhão com o Deus Trindade, comunidade perfeita no amor. Por experiência sabemos que é muito difícil lutar contra a própria concupiscência e contra as ciladas e tentações do demônio e do mundo egoísta, se estivermos isolados. A sedução com que nos bombardeiam é tal que, se estivermos sozinhos, facilmente perdemos o sentido da realidade, a clareza interior, e sucumbimos. Partilhar a Palavra e celebrar juntos a Eucaristia torna-nos mais irmãos e vai nos transformando pouco a pouco em comunidade santa e missionária. Desse modo, contra a tendência para o individualismo consumista que acaba por nos isolar na busca do bem-estar à margem dos outros, o nosso caminho de santificação não pode deixar de nos identificar com o desejo de Jesus: “que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti” (Jo 17, 21).

Possamos assumir nossa vocação como Igreja, Povo de Deus! O padre não trabalha mais sozinho, não faz tudo como era antigamente. Hoje a Igreja se organiza de modo que os leigos ajudam o padre no trabalho de evangelização e na administração da Paróquia. É urgente nos tornarmos cada vez mais comunidade de comunidades, vivas e dinâmicas. Leigos e leigas maduros na fé têm condições de assumir essa tarefa. Nos diferentes ambientes onde os cristãos estão, são chamados a levar os valores do Evangelho. Comunicar a bondade de Deus de diferentes modos. Mais do que pregadores, precisamos de testemunhas, “as palavras convencem, mas os exemplos arrastam!” Mulheres e homens que assumem ativamente a vocação de serem ministros da palavra, animadores, leitores, cantores, membros das pastorais, conselheiros, coordenadores de comunidades, catequistas, membros de grupos de jovens e tantos outros serviços de igual dignidade. A unidade da Igreja se realiza na variedade de rostos, carismas, funções e ministérios. Oportunidades concretas de santificação que também podemos experimentar!

Pe. Edir Martins Moreira


 


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