O Instrumento Laboris do próximo Sínodo sobre a juventude foi publicado nesta terça-feira (19/06). Estruturado em três partes – reconhecer, interpretar e escolher –, o documento busca oferecer as chaves de leitura da realidade juvenil, baseando-se em diferentes fontes, entre as quais um questionário online que reuniu as respostas de mais de 100 mil jovens.
O Instrumentum de trabalho é o momento de convergência da escuta de todos os componentes da Igreja e também de vozes que não pertencem a ela. Neste documento, os padres sinodais poderão encontrar a descrição da variedade da juventude, suas esperanças e dificuldades.
O Sínodo dos jovens está programado para acontecer no Vaticano, de 3 a 28 de outubro, com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
O que querem os jovens da Igreja
Em primeiro lugar, desejam uma “Igreja autêntica”, que brilhe por “exemplaridade, competência, corresponsabilidade e solidez cultural”, uma Igreja que compartilhe “sua situação de vida à luz do Evangelho ao invés de fazer pregações”, uma Igreja que seja “transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa”. Enfim: uma Igreja “menos institucional e mais relacional, capaz de acolher sem julgar previamente, amiga e próxima, acolhedora e misericordiosa”.
Tolerância zero
Mas há também quem não pede nada à Igreja ou pede que seja deixado em paz, considerando-a um interlocutor não significativo ou uma presença que “incomoda e irrita”. Um motivo para essa atitude está nos casos de escândalos sexuais e econômicos, sobre os quais os jovens pedem à Igreja que “reforce sua política de tolerância zero”.
Outro motivo está no despreparo dos ministros ordenados e na dificuldade da Igreja em explicar o motivo das próprias posições doutrinais e éticas diante da sociedade contemporânea.
Sete palavras
Tudo isso se articula em sete palavras que o Istrumentum Laboris assim classificou:
1. Escuta: os jovens querem ser ouvidos com empatia.
2. Acompanhamento: espiritual, psicológico, formativo, familiar e vocacional.
3. Conversão: seja de tipo religioso, sistêmico, ecológico e cultural.
4. Discernimento: uma das palavras mais usadas no Documento, seja no sentido de uma “Igreja em saída” para responder às exigências dos jovens, seja como dinâmica espiritual.
5. Desafios: discriminações religiosas, racismo, precariedade no trabalho, pobreza, dependência de drogas e álcool, bullying, exploração sexual, corrupção, tráfico de pessoas, educação e solidão.
6. Vocação: repensar a pastoral juvenil.
7. Santidade: o Documento sinodal se concluiu com uma reflexão sobre a santidade, “porque a juventude é um tempo para a santidade”. Que a vida dos santos inspire os jovens de hoje a “cultivar a esperança” para que – como escreve o Papa Francisco na oração final do Documento – os jovens, “com coragem, tomem as rédeas de sua vida, almejem as coisas mais belas e mais profundas e mantenham sempre um coração livre”.
Com informações e foto do Vatican News