O Servo de Deus Dom Luciano: luz para a Igreja no Brasil

26/06/2018 às 08h30

Louvo a Deus pela vida virtuosa de Dom Luciano e pelo excelente trabalho desenvolvido pelo Tribunal Eclesiástico de Mariana sob a orientação sábia de Dom Geraldo Lyrio Rocha e conduzido pelo incansável e competente Delegado Episcopal, Monsenhor Roberto Natali Starlino!

A relevância eclesial da Causa de Beatificação de Dom Luciano é pública e notória e vem sendo reafirmada desde a solicitação à Santa Sé para a abertura do Processo. Lembro que em 2011 Dom Geraldo Lyrio Rocha encaminhou o pedido a Roma acompanhado do apoio escrito de mais de 300 bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de todos os Regionais da CNBB. Trata-se de fato único e que por si só patenteia a importância eclesial da Causa.

A vida de Dom Luciano, as funções que desempenhou e os serviços realizados por ele sublinham a relevância eclesial desta Causa de Beatificação. A trajetória humana e espiritual de Dom Luciano evidencia o triunfo da graça de Deus em sua vida, tudo realizando para a maior glória de Deus e bem dos irmãos. A sua espiritualidade foi fortemente cristocêntrica e trinitária, com notável marca mariana, procurando sempre sentir e agir na comunhão eclesial, a serviço dos mais sofredores: pobres, tristes, pecadores, marginalizados e excluídos de qualquer espécie. Permitam-me citar o que pude dizer na abertura do Processo de Beatificação na fase diocesana no dia 27 de agosto de 2014 na Catedral de Mariana e que hoje vejo corroborado pelas mais de 6 mil páginas do processo concluído.

A sua profunda experiência de Deus, começada no seio de sua família, aprofundada e consolidada na Companhia de Jesus, provada e radicalizada na vivência rica e diversificada de seu ministério episcopal, desafiada e aumentada pela configuração à Cruz de Jesus Cristo no acidente que quase lhe tirou a vida e na dolorosa enfermidade que o levou, faz dele um modelo de discípulo missionário de Jesus Cristo para os nossos dias. Em nome de Jesus, cultivou toda a sua gratidão a Deus pelo amor recebido na gratuidade de uma vida feita para ajudar. Ajudar cada pessoa a encontrar Deus. Sim, não tenhamos dúvida em afirmá-lo! É disso que se tratava. Em seus gestos mais simples de ajuda, em seu olhar e em seu sorriso, o que desejava e deixava transparecer era a ternura e o amor de Deus: “Deus é bom! É bom ser bom!”. A gratuidade do amor de Deus que experimentou, encontrou a sua gratidão total na gratuidade de sua vida doada, na alegria de servir por amor. Ajudar: ajudar a todos! Ver Deus em cada um e cada um em Deus. Ajudar a Igreja a ajudar. Servidor competente e dedicado, sem ingenuidades, mas sem confundir meios e fins. Era minucioso, atento, sensível, caprichoso, mas sabia muito bem o que era o principal: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. O primado do amor a Deus e ao próximo orientava a sua vida. Por isso acreditava, perdoava e esperava diante de cada pessoa. Não viveu na ociosidade, não perdia ocasião para fazer o bem. No seguimento de Jesus e a exemplo de Paulo, foi um missionário incansável.

Dom Luciano, sempre na fidelidade a Jesus e “sentindo com a Igreja”, ajudou a Igreja do nosso tempo a ser a Igreja da misericórdia, da opção preferencial pelos pobres, pecadores e sofredores de todo tipo.

A espiritualidade de Dom Luciano é marcada pelo encontro pessoal e eclesial com Jesus Cristo. Contempla o esvaziamento de Jesus, a vida oculta em Nazaré, a solidariedade com os pequenos, pobres e pecadores. Na configuração a Jesus Cristo aceita uma vida sem privilégios, partilhada, solidária na dor, abraçando a cruz. Sua vida se tornou parábola do Evangelho de Jesus. Considero a oração composta por Dom Luciano e impressa na lembrança da celebração de seu Jubileu de Prata Episcopal em 2001 a expressão sintética e madura de sua espiritualidade, como disse acima: cristocêntrica, trinitária, mariana, de comunhão eclesial e de alegre serviço aos irmãos em meio às provações da vida.

Senhor Jesus, não vos pedimos que nos livreis das provações, mas que nos concedais a força do vosso Espírito para superá-las em bem da Igreja. A certeza do vosso amor nos renova a cada dia. A alegria de servir aos irmãos é a nossa melhor recompensa. Ensinai-nos, a exemplo de nossa Mãe, a repetir sempre SIM no cumprimento da vontade do Pai. Amém!

Hoje, neste tempo bonito e desafiador da vida da Igreja, comunidade de discípulos missionários de Jesus, sob a presidência na caridade do profético Papa Francisco, que nos confirma na fé e convida a ser uma Igreja pobre para os pobres, contemplamos o testemunho de santidade do Servo de Deus Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida como luz para a caminhada da Igreja no Brasil!

Cônego Lauro Sérgio Versiani Barbosa

Pároco

Postulador na Fase Arquidiocesana do Processo de Beatificação de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida


Voltar

Confira também: