Comunhão e compromisso

09/07/2018 às 10h52

A Igreja de Jesus Cristo é muito numerosa. São milhões de pessoas. Por isso, embora cada membro seja importante, há pessoas e organismos que a representam ou falam em nome dela.

Seu primeiro representante entre nós é o Papa. Naturalmente, ele não fala por si e nada decide sozinho, porque a Igreja sempre agiu de forma colegiada, em espírito de comunhão. Uma prova disso são os sínodos. Temos percebido como Francisco faz questão de ouvir gente do mundo inteiro quando quer dizer algo em nome da Igreja. Só depois de ouvir muito, orar, dialogar, buscar o parecer de peritos, colocar em comum com delegados é que ele redige um documento.

No Brasil, a Igreja católica é representada em primeiro lugar pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com suas assembleias, conselhos e organismos. Mas para não ficar representada só por bispos, que contam com assessores e colaboradores, há também uma organização entre os leigos e leigas, diáconos, presbíteros, religiosos. Foi assim que nasceu o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), que “congrega e representa o laicato brasileiro na sua diversidade e riqueza de movimentos, pastorais, e associações dos mais variados tipos”. É quem fala em nome de todos os católicos leigos e leigas do País. Para nossa alegria, a atual presidente do Conselho do Laicato no Regional Leste II, que compreende Minas Gerais e Espírito Santo, é a Leci, da Arquidiocese de Mariana.

No início do mês de junho, esse Conselho promoveu, em Belo Horizonte, sua 37ª Assembleia Nacional, contando com a participação de 200 delegados, dos 18 Regionais do Brasil. Para realçar o espírito de Comunhão da Igreja, marcaram presença também alguns bispos e padres.

No final, a assembleia aprovou um “Manifesto”, que deve ser conhecido e assumido por todos(as). E é por isso que aproveito este espaço para chamar a atenção para alguns pontos deste manifesto.

Ele começa com a palavra do papa Francisco, falando da necessidade de atacar “as causas estruturais da desigualdade social”, pois, “sem isso não se resolverão os problemas do mundo... A desigualdade é a raiz dos males sociais“. (EG 102). E prossegue: “Verificamos que o modelo de desenvolvimento econômico IMPOSTO ao povo brasileiro, aprofunda cada vez mais o empobrecimento e desigualdades da maioria da população (...). Nosso país sofreu a deposição de um governo eleito pela maioria do povo brasileiro, substituído por um grupo que colocou o país na mão dos ricos e seus interesses. Por isso, além de não vermos legitimidade no processo político atual, discordamos das mudanças constitucionais IMPOSTAS com o congelamento dos investimentos nas políticas sociais e com a reforma trabalhista”.

Conclamamos, pois, todos os cristãos, a que assumam individualmente e nas instâncias organizativas, ações concretas que visem:

➢ Constituir um outro modelo de desenvolvimento que tenha em foco a distribuição da riqueza para todos e todas, assegurando o respeito ao meio ambiente;

➢ Defender, em comunhão com nossos bispos, eleições diretas e a efetividade da democracia participativa;

➢ Romper com o círculo vicioso das más notícias, denunciar e combater o uso das “fake-news (notícias falsas);

➢ Mobilizar a sociedade para uma ampla reforma política com participação popular, que inclua o Poder Judiciário;

➢ Realizar a Auditoria Cidadã da Dívida Pública Brasileira;

➢ Defender uma reforma tributária que torne justa a tributação;

➢ Denunciar a criminalização dos movimentos populares;

➢ Resgatar e fortalecer a relação democrática entre sociedade e Estado;

➢ Implementar a Lei do Renda Cidadã;

➢ Combater as perseguições, prisões e injustiças políticas;

➢ Estimular os eleitores (cidadãos) a NÃO votar nos candidatos à reeleição que votaram nas Propostas de Emenda Constitucionais em desfavor do povo brasileiro e da democracia”.

Pe. José Antonio de Oliveira


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