Bispos destacam missão da Igreja na abertura dos trabalhos do CAM 5

12/07/2018 às 09h58

A cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, está recebendo missionários e missionárias de diversos países da América, desde a última terça-feira (10), para o 5º Congresso Missionário Americano (CAM 5), com a temática “A Alegria do Evangelho, coração da missão profética, fonte de reconciliação e comunhão”. A delegação brasileira conta com 250 participantes de todos os 18 regionais da CNBB. Dentre eles, leigos e leigas, sacerdotes, diáconos, bispos, religiosos e religiosas e seminaristas.

Na sessão de abertura dos trabalhos do CAM 5, na manhã desta quarta-feira (11), no Colégio Dom Bosco, o presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, Dom Ricardo Ernesto Centellas Guzmán foi objetivo e contundente ao falar dos desafios da Igreja. Ele destacou o desafio de a Igreja ser “decididamente missionária”, não se fechar em suas atividades e trabalhar “para transformar as estruturas de morte e corrupção, de tanta violência”.

Dom Ricardo lembrou a situação vivida pela Nicarágua e Venezuela. “Não se podem repetir as experiências de Nicarágua e de Venezuela em nosso continente americano”, disse sob os aplausos dos 2.500 delegados do CAM 5, vindos de 24 países do continente americano. “Temos que trabalhar por políticas públicas que gerem o desenvolvimento humano promovendo e defendo os direitos humanos e constitucionais em nossas sociedades em toda circunstância humana”, acrescentou.

O presidente da Conferencia exortou que o Congresso leve seus participantes a assumir o compromisso de fazer que a Igreja seja misericordiosa, capaz de dar testemunho e de ser uma Igreja pobre para os pobres. “[Que seja] uma Igreja que caminha com seu povo e não se sirva de seu povo, centrada no serviço humilde e não no poder e ambição que mata o coração humano”, finalizou.

Partilhar missionários

O enviado especial do papa para o CAM 5, cardeal Fernando Filoni, também compôs a mesa de abertura dos trabalhos do Congresso e chamou a atenção para a necessidade de enfrentar o problema da falta de vocações missionárias com “uma generosa disposição de partilha de missionários entre as Igrejas mais ricas e as mais pobres”, além de deixar-se “tomar por um profundo e generoso amor a serviço das comunidades mais privadas do anúncio do Evangelho”.

O cardeal destacou que continua, ainda hoje, a generosidade dos missionários que anunciaram o Evangelho na América nos tempos passados. “Em muitas partes da América, há necessidade de autênticos ministros do Evangelho. Todos, contudo, somos devedores de nossa fé à generosidade dos evangelizadores e missionários que nos precederam e não acredito que esta generosidade tenha se esgotado”, observou.

Dom Filoni disse, ainda, que o papa Francisco quer que toda a Igreja se coloque em estado permanente de missão. “Este Congresso, portanto, é chamado a recolher esta visão do papa, a fazê-la sua e a adequá-la à rica variedade das situações do continente americano”, exortou. “Rezemos para que Deus nos envie evangelizadores e missionários alegres e entusiasmados para levar o nome do Senhor às periferias em vista de um mundo mais justo”, acrescentou.

Por que a missão e qual seu conteúdo?

De acordo com o presidente das Pontifícias Obras Missionárias, dom Giampietro Dal Toso, a missão depende da resposta a estas duas perguntas. “A missão da Igreja nasce da vida mesma de Deus. O Pai, o criador, que enviou seu Filho, agora quer chamar-nos a ser continuadores e seus colaboradores na missão salvífica”, explicou.

Dom Toso convidou os congressistas a terem o olhar voltado para Jesus. “A primeira atitude que desejo convidá-los a assumir no início deste Congresso, é aquela que o papa Francisco nos sugere: olhemos para Jesus, o missionário do Pai, com coração aberto, deixando que Ele nos contemple”. Ele destacou que o Espírito Santo é o protagonista da missão e que “o ardor, a criatividade, a fidelidade à missão só se mantêm vivos quando renovamos a decisão de confiar no Espirito Santo”.

O presidente das POM sublinhou que o Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o conteúdo da missão e que a cruz, na qual Jesus morreu, não é somente um símbolo, “mas uma realidade viva e presente em nosso meio”. “Cristo, morto e ressuscitado é, ao mesmo tempo, o sujeito e o objeto de nossa missão. O anúncio de Cristo morto e ressuscitado é o coração da missão, é o querigma. Não podemos falar de missão sem nos referirmos a este núcleo de nossa fé”, explicou.

Dom Toso falou também da fé como virtude de vida e como conteúdo e que uma não se opõem à outra, mas ambas se complementam. “Se a fé como virtude, como atitude de vida, não se alimenta do conteúdo da fé, converte-se em sentimentalismo. Se a fé entendida como conteúdo doutrinal não se alimenta com uma vida de fé, converte-se em ideologia. A fé como atitude descreve o abandono que o crente faz de si mesmo a Deus. A fé como conteúdo diz quem é esse Deus no qual cremos, quem é o Deus que se revelou”.

Ao terminar sua intervenção, o dom Toso provocou os missionários com várias perguntas e destacou a última, que classificou como mais radical. “Por que devemos reforçar tanto a dimensão missionária e a maneira particular da missão ad gentes?”.

Fonte: POM


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