Eleições e compromisso cristão

14/09/2016 às 08h27

No próximo dia 2 de outubro, os eleitores brasileiros comparecerão às urnas para escolher os vereadores e prefeitos dos 5.570 municípios do país. Para uns, motivo de esperança e oportunidade de mudanças. Para outros (a grande maioria talvez), perda de tempo e de dinheiro. Esses são os que já não acreditam na política e, muito menos, nos políticos que, em elevado número, estão envolvidos em corrupção, sem nenhum compromisso com o bem comum, justificando o desencanto da população com a política. É uma pena que seja assim. Quanto mais nos desinteressamos da Política (com P maiúsculo), tanto mais deixamos livre o caminho para os inescrupulosos que desvirtuam a política de seus verdadeiros e nobres objetivos.

A política, diz o papa Francisco, é uma vocação sublime e uma das formas mais preciosas da caridade, por buscar o bem comum (cf.EG 205). Por essa razão, os cristãos não podem ficar-lhe indiferentes. Bento XVI afirma que “a Igreja não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (DCE 28). As eleições são, portanto, oportunidade dos cristãos mostrarem sua fidelidade ao evangelho e ao ensino social da Igreja com participação efetiva na escolha dos melhores candidatos.

O que se deve considerar na escolha de um candidato? Em primeiro lugar, a função para a qual se candidata. A função de vereador é completamente diferente da de prefeito. O primeiro tem a missão de legislar a favor do município e fiscalizar as ações do executivo municipal. Este, por sua vez, é responsável por elaborar e aplicar políticas públicas e administrar o município de forma a atender os anseios da população, começando pelos mais carentes e pobres. Não merece voto quem não tem competência para o cargo almejado ou atende apenas interesses pessoais ou de determinados grupos em detrimento da coletividade.

Em segundo lugar, é necessário conhecer o partido do candidato, sua ideologia, seu programa de ação. Se o partido não fosse importante, a pessoa poderia se candidatar de forma avulsa. Na maioria das vezes, o político vota e age de acordo com a orientação de seu partido e não tanto como gostaria. Por isso, não se podem ignorar os partidos numa eleição.

É fundamental também pesquisar a vida do candidato, seu passado, seu compromisso com a comunidade, as ideias que defende, seus gastos na campanha. Se já exerce cargo político, observar que projetos apresentou, que leis defendeu, se faltou com a ética, se foi conivente com a corrupção. Não se pode votar em candidato ficha suja.

Deus ilumine os eleitores a fi m de que exerçam com liberdade plena sua cidadania e ajudem a construir uma nova sociedade, justa, fraterna e solidária.

 

Pe. Geraldo Martins

Coordenador Arquidiocesano de Pastoral


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