Projeto de evangelização e religiosidade popular

19/09/2016 às 14h46

Dentre os desafios da evangelização, na Arquidiocese, deparamo-nos com um, que parece simples, mas não é. O Documento de Aparecida coloca a religiosidade popular como um lugar de encontro com Cristo. O Concílio Vaticano II destacou a importância do leigo e da leiga, afirmando que eles são a Igreja presente no meio do mundo.

Hoje, diante da mudança de época e da necessidade de uma inserção da evangelização nos meios tecnológicos e de uma pastoral que responda às necessidades de nosso tempo, não podemos correr o risco de nos afastarmos da base, do fundamento da Igreja, que são as pequenas comunidades, marcadas pela religiosidade popular, desde a devoção a Jesus e Maria à devoção aos “santos e santas milagrosos”.

Nossa Arquidiocese é marcada pela presença de irmandades centenárias e movimentos leigos que espalharam inúmeras devoções, que, até hoje, permanecem enraizadas em nossas comunidades e ajudam a manter viva a fé de tanta gente, mesmo em meio às inúmeras crises da modernidade. É preciso ajudá-los a dar um passo à frente, a ser uma Igreja viva, transformadora da realidade em que vivemos.

Quando falamos do leigo, na arquidiocese, pensamos naqueles que estão à frente das coordenações pastorais e dimensões da evangelização. Sim! A sua presença e o seu trabalho são de grande importância, mas não podemos nos esquecemos de tantos que doam suas vidas, em nossas comunidades, para manter viva a fé e o amor a Deus e aos irmãos. Senhores dedicados não faltam a uma reunião, nem ao dia de adoração, para manter viva a devoção ao Santíssimo Sacramento, através da Irmandade do Santíssimo. Senhoras piedosas, devotas de Nossa Senhora, semanalmente, reúnem-se para rezar diante da imagem da Mãe de Jesus e planejar seus trabalhos de visitas caridosas a tantos que sofrem, através da Legião de Maria. Basta entrarmos em uma de nossas Igrejas, por volta das 18 horas, para encontrarmos fiéis, rezando o terço e recebendo das mãos do ministro a Sagrada Comunhão. Qual Paróquia não tem o Apostolado da Oração? Quem não conhece a alegria dos foliões que passam o mês de dezembro, de casa em casa, cantando hinos, com a Folia de Reis, em homenagem ao Menino Jesus? Ou a alegria dos dançarinos do congado, nas festas de Nossa Senhora do Rosário? O contentamento das crianças, coroando a imagem de Nossa Senhora, no mês de maio? Quando entramos em uma capela, deparamo-nos com grande número de imagens e estampas dos santos e santas, para a veneração de seus devotos. Com que alegria os fiéis acompanham as longas procissões, às vezes debaixo de sol escaldante, às vezes debaixo de chuva e frio, para rezar ao santo/a de sua devoção!

Precisamos avançar no projeto de evangelização, precisamos incentivar as pastorais, os grupos de reflexão, as dimensões da liturgia, da catequese, do dízimo... Não podemos nos esquecer, porém, de que em grande parte de nossa Arquidiocese, a Igreja ainda é “de muita reza e pouca missa, muito santo e pouco padre”.

Pe. José Geraldo de Oliveira


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