Neste domingo (19), a Igreja celebra à vocação da vida consagrada masculina e feminina. Para refletir sobre este tema, o Departamento Arquidiocesano de Comunicação entrevistou a Irmã Maria da Consolação Coelho, da Congregação das Irmãs da Beneficência Popular.
Leia a entrevista na íntegra:
DACOM: Agosto é o mês das vocações. Como estão as vocações se tratando das religiosas? O que tem sido feito para que este chamado seja despertado nas moças?
Ir. Maria da Consolação: É muito gratificante contemplar a graça de Deus manifestada em cada ser humano, que Ele mesmo criou e plantou no coração a semente da vocação, sendo a maior delas e comum a todos nós: a vocação à vida. Nosso chamado é para a vida daí ninguém pode escapar da missão de colaborar com o Criador na criação, promoção e defesa da vida, independente do estado de vida, devemos viver plenamente a vocação que nos foi confiada por Ele. A vocação a vida Consagrada nasce no coração das famílias, inseridas num mundo em crises bem acentuadas. Elas afetam também a Vida Consagrada e as nossas congregações. Sentimos uma crescente diminuição das vocações para a Vida Consagrada, principalmente para a Vida Religiosa Feminina. O Papa Francisco afirma que o primeiro método para se obter vocações é a oração e convoca a Igreja a intensificar uma cultura da vocação na Igreja. O despertar vocacional de uma pessoa, também depende muito da sua inserção na vida da comunidade. Assim, ela vai percebendo os apelos de Deus vindos, sobretudo, dos clamores dos pobres e sofredores. Algumas ações específicas no sentido de promover o despertar vocacional são muito importantes; além da oração pelas vocações, encontros vocacionais, presença nas famílias, principalmente junto aos jovens. As mesmas são desenvolvidas por cada instituto, porém se percebe que a vocação para a Vida Religiosa Consagrada é pouco divulgada, principalmente em relação às vocações para a Vida Religiosa Feminina. A Igreja católica no Brasil está desenvolvendo uma ação evangelizadora para tornar mais conhecida e amada. Elas partem de dois princípios: A oração e a Comunicação; rezar e divulgar a beleza da vocação na vida na igreja.
Sentia dentro de mim um apelo muito forte
para buscar um sentido maior para a minha vida.
DACOM: Como a Senhora percebeu que a vocação à Vida Religiosa era a vontade e o plano de Deus na sua vida?
Ir. Maria da Consolação: A iniciativa é sempre de Deus. Ele é o autor do chamado! Sentia dentro de mim um apelo muito forte para buscar um sentido maior para a minha vida. Venho de uma família numerosa e meus pais tiveram no cerne da nossa educação a oração em família, além da participação ativa na vida da comunidade local. Creio que daí foi nascendo o desejo de descobrir a vocação e o os caminhos para servir a Deus nas pessoas mais sofridas. Foi preciso muita oração, diálogo com Deus e com outras pessoas mais entendidas da vontade de dEle. A presença escuta e apoio dos meus pais foi muito relevante, bem como das Irmãs da congregação que nasceu e sempre desempenhou um trabalho muito significativo com a população. Foi a descoberta que mudou a minha vida me tornando uma pessoa feliz e realizada, vivendo o amor a Deus na oferenda da vida Ele para ser Nele presença do Amor do seu Coração onde ela for mais necessária.
DACOM: O que é ser uma religiosa? Como é ser religiosa em sua congregação?
Ir. Maria da Consolação: Ser uma religiosa é oferecer toda a vida a Deus para que Ele faça de nós mulheres geradoras de vida. “O mundo precisa de nós para ser profetizas onde a vida mais clama”, afirma a irmã Maria Inês Ribeiro, presidente da Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil. Nossa vida como Irmãs da Beneficência Popular é fundamentada na Eucaristia; Espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus, assumida pelo fundador da congregação, Monsenhor Rafael Arcanjo Coelho. Depois de um período de formação inicial, professamos os conselhos Evangélicos por meio dos votos de Pobreza, Castidade e Obediência, vivendo as virtudes da Humildade, Simplicidade e Mansidão. Procuramos seguir o que orienta as nossas Constituições, (normas que regem a vida dos membros no Instituto). O fundador nos deixou como principio da formação para a nossa vida, a seguinte orientação: “... Com efeito, nada mais se há de querer na casa de formação senão que a moça se forme na escola de cristo e consiga assimilar sua divina pessoa, procurando realizar àquilo que São Paulo nos recomenda: “Chegar até a plenitude de Cristo.” (Constituições do instituto).
DACOM: O Papa Francisco sempre pede e luta por uma Igreja em Saída. No caso das vocações, o que é preciso para que a Igreja busque caminhos para ir ao encontro de quem mais precisa e se faça presente, de fato em meio à sociedade?
É grande a necessidade de multiplicar as vocações
para que o amor misericordioso do Senhor possa ser partilhado
com todo o seu povo amado
Ir. Maria da Consolação: Para a vida religiosa consagrada este é um principio fundamental, pois no seguimento a Jesus Cristo não pode existir fronteiras físicas. Elas existem, mas devem ser demolidas. Neste sentido, o Papa Francisco têm se revelado um instrumento iluminador de Deus. A pior barreira a ser derrubada é o medo. O compromisso que assumimos de ir ao encontro das pessoas nas periferias humanas e existenciais concretas em suas vidas que trazem e revelam a imagem do Crucificado que espera e confia na ressurreição nos conduz e nos mantêm desafiadas pela realidade a “...Sairmos depressa ao encontro da Vida.”
DACOM: Qual recado a senhora deixa para as jovens que tem vontade de seguir a vida religiosa?
Ir. Maria da Consolação: Que se deixem conduzir pelo chamado que Deus está lhe dirigindo. Ele nos fala por meio de linguagens múltiplas vindas de tantas realidades, sobretudo das juventudes. Não tenham medo! Temos a sua certeza: “Eu estarei convosco todos os dias”,(Mt28,20). É grande a necessidade de multiplicar as vocações para que o amor misericordioso do Senhor possa ser partilhado com todos o seu povo amado sobretudo aos corações das juventudes. Vocês jovens são portadores de um grande dinamismo e este Dom precisa ser oferecido à igreja para que todos os jovens conheçam a grandeza do amor misericordioso de Jesus para com todos. Aproximem mais da Vida Religiosa Feminina, nas diversas congregações presentes e atuantes em nossa Arquidiocese de Mariana.