Padre José Carlos celebra Jubileu de Prata Sacerdotal no Seminário

18/10/2018 às 13h02

Na última terça-feira, 16, o padre José Carlos dos Santos, vigário episcopal da Região Pastoral Mariana Norte, vigário na paróquia Santa Efigênia (Ouro Preto) e formador do Seminário São José, celebrou a suas bodas de prata sacerdotal. A celebração ocorreu na Comunidade da Filosofia, em Mariana. Além dos padres amigos e seminaristas de Mariana, a celebração teve uma grande participação de familiares e amigos.

Em sua fala de agradecimento, o jubilando, ressaltou a sua alegria pelos vinte e cinco anos de “exercício de tão nobre ministério, dom excelso de grandeza incomensurável que recebi sem nenhum merecimento”. Também expressou o seu agradecimento aos que contribuíram em sua formação e destacou que o ministério sacerdotal deve ter como princípios o amor a Jesus Cristo e a Igreja, no serviço humilde ao povo de Deus.

Padre Euder Canuto, diretor da comunidade da Filosofia do Seminário São José, foi quem dirigiu palavras de agradecimento e felicitações ao jubilando, padre José Carlos. Confira a mensagem na íntegra:

 

“Meus irmãos padres aqui presentes, jubilandos colegas do Pe. José Carlos, caros seminaristas, familiares do nosso jubilando, religiosas, funcionários do nosso Seminário, irmãos e irmãs em Cristo Jesus, caro irmão Pe. José Carlos dos Santos, nessa noite aqui nos reunimos como Comunidade formativa do nosso Seminário São José, para render graças a Deus pelos seus 25 anos de sacerdócio. Exatamente há 25 anos atrás, no dia 16 de outubro de 1993, na cidade de Barão de Cocais, na Paróquia São João Batista, o senhor saiu em procissão da Capela Nossa Senhora do Rosário (Bairro da Viúva) para ser ordenado sacerdote pela imposição das mãos do servo de Deus, Dom Luciano Mendes de Almeida. Quanta coisa bonita certamente o senhor viveu destes tempos para cá desde sua ordenação. Passou por tantas paróquias (Nossa Senhora das Mercês, em Mercês, Nossa Senhora da Conceição, em Catas Altas; São Sebastião, em Cláudio Manoel; São Caetano, em Mons. Horta; São João Batista, em sua própria terra, Barão de Cocais; Nossa Senhora da Assunção, em Mariana; e, agora, Santa Ifigênia, em Ouro Preto) e, é claro, importante frisar aqui que, durante quase todos estes anos, desde 1994, o senhor integra a nossa equipe de formadores, assumindo nela diversas funções, dentre elas inclusive tendo já até assumido por uma vez a direção geral de nossa Faculdade Dom Luciano, período áureo no qual Seminário e Faculdade viveram como um só pela causa do Reino em vista da formação integral de nossos seminaristas. Fez por essa razão formativa, inclusive, um Curso de Graduação e um Mestrado em Psicologia na Pontifícia Universidade Gregoriana para ajudar-nos ainda mais no processo formativo. Quanta vida entregue! Quanta vida gasta, doada em cada Eucaristia celebrada, em cada Eucaristia vivida! Sua doação se manifesta em diversos e qualitativos encontros pessoais, pelos quais hoje certamente temos muito que agradecer. Pe. José Carlos, certamente, nessa noite, diversos rostos devem lhe vir à memória, rostos de pessoas às quais ajudou e pelas quais foi ajudado. Rostos ligados à sua família de sangue, seus pais, seus irmãos. Rostos ligados à sua família eclesial, com os quais foi se integrando e vinculando pelos laços da fé, tais como de sua afilhada de batismo de que ontem nos falava bem como dos pais da mesma. Histórias que se cruzam pelo Evangelho e que nos humanizam. São João Paulo II, quando completava seus 50 anos de padre, escreveu um livro no qual trazia algumas de suas reflexões sobre o sacerdócio por aquela ocasião de suas bodas de ouro. Neste livro, ele refletiu que o sacerdócio é Dom e Mistério. Trata-se mesmo disso, diz ele: “Na sua essência mais profunda, toda vocação sacerdotal é um grande mistério, é um dom que supera infinitamente o homem” (p. 9). O senhor sabe bem disso. É mistério da eleição divina porque não somos nós que tomamos a iniciativa, mas é Ele mesmo que nos escolhe: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi” (Jo 15, 16). Essa eleição se manifesta de modos diversos nos nossos caminhos. O profeta Jeremias nos ajuda a traduzir um pouco essa experiência de fé com as seguintes palavras: “Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísse do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta das nações” (Jr 1,5). Em síntese, traduz bem também essa ideia de mistério e dom o apóstolo Paulo quando manifesta que foi Deus quem “nos salvou e chamou com uma vocação santa, não em virtude de nossas obras, mas em virtude de seu próprio desígnio e graça (2 Tm 1,9). É bem assim mesmo que o Senhor escolheu o jovem José Carlos dos Santos, convidando-o como membro do Corpo de Cristo a se descobrir promotor da paz e da unidade, como lembrava a primeira leitura de sua ordenação (Ef 4,1-13). Chamou-o de tal modo para que pudesse seguir seu exemplo e ensinamentos e com o objetivo, como é o lema de sua ordenação, de que o senhor mesmo pudesse repetir na sua vida o gesto do lava-pés, da doação, do serviço, assim como diz Jo 13, 15: “Eu lhes dei o exemplo para que vocês façam do modo como eu fiz”. Assim, curiosamente, explicitando o Evangelho proclamado na sua ordenação de Mt 20, 20-28, que não era o mesmo relativo ao lema da ordenação, mas que traduzia o mesmo sentido dele, talvez de maneira também tão radical e clara quanto, numa palavra contundente: “aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós seja o vosso servo” (Mt 20, 26). Sim, o gesto do lava-pés era o modo mais concreto e simbólico possível que Jesus encontrou para tornar a sua mensagem acessível a todos os seus discípulos. Lavar os pés não é só jogar um pouco de água nos pés dos discípulos, mas se trata de inclinar-se, de descer à terra para elevá-los ao céu. Não se trata apenas de um pouco de água, mas se trata de abaixar-se, de gastar todas as energias, de, numa linguagem mais “psicológica”, canalizar todas as nossas energias e sublimá-las em vista de promover o bem, o Reino, o Evangelho, através do serviço diário e permanente aos irmãos. Assim, Pe. José Carlos, talvez falando em nome do nosso Seminário eu gostaria de agradecer muito a Deus pelo “sim” do senhor e pelo fato de o senhor “andar de modo digno da vocação a que fostes chamado: com toda humildade e mansidão” (Ef 4, 1-2). Sua presença entre nós como membro da equipe dos formadores nos transmite segurança e ao mesmo tempo consciência de que estamos no caminho certo. Ouvindo os meninos aqui da casa fico impressionado o quanto eles avaliam positivamente as disciplinas que cursam com o senhor, não apenas devido à sua competência, mas, sobretudo, por causa do grande enriquecimento humano que eles dizem experimentar a partir dos conteúdos e das abordagens que, tendo em vista a formação integral do ser humano, o senhor lhes apresenta. Manifesto também a beleza e a grandeza de sua presença como coordenador da dimensão humana de nosso Seminário. Os encontros de formação e os atendimentos individuais fazem um grande bem para nossos seminaristas. Aqui gostaria de manifestar pessoalmente minha gratidão e admiração porque eu mesmo fui um dos seminaristas que tive a graça e a oportunidade de fazer o acompanhamento psicológico com o senhor e o quanto aqueles encontros foram importantes para meu desenvolvimento humano e para que eu crescesse em autonomia e liberdade na resposta ao chamado de Deus. Posso dizer que sou um grande admirador de sua seriedade no trabalho, de sua disciplina e organização e isso é de tal modo verdade que mesmo eu que deveria ser mais kantiano ainda não consigo chegar a esse nível. Admiro-o pela honestidade e transparência naquilo que faz. Esse é um dom que Deus lhe deu e o qual eu prezo muito. Dos 25 anos de sacerdócio, praticamente 24 anos destes são dedicados ao nosso Seminário São José. Por isso, nada melhor sua escolha que muito nos honrou de celebrar aqui suas Bodas de Prata. Não obstante nossos desafios momentâneos, de, em parte, estarmos vivendo quase numa “arca de Noé” (tomando com liberdade e descontração a imagem usada por Pe. Edvaldo para traduzir o que acontece nestes dias aqui  na casa bem concretamente e, poderia também dizer o mesmo, infelizmente, sobre a situação caótica de nosso país) não deixa de ser providencial essa celebração porque manifesta para todos nós o quanto é importante o nosso processo formativo e o quanto somos chamados a investir todas as nossas energias e recursos para “salvar” e fortalecer ainda mais na vida da Igreja uma das “espécies” mais preciosas da nossa vida eclesial que é a vocação sacerdotal para que, com o serviço de mais e santos sacerdotes, o mundo possa realizar seu encontro pessoal com Cristo. Como tem insistido sempre Dom Airton, há sempre que se motivar mais e mais as vocações e isso, a meu ver, se faz de fato, em primeiro lugar, dando testemunho de que vale a pena ser padre não obstante todos os desafios que enfrentemos. Neste sentido, concluo lhe agradecendo reverendíssimo Pe. José Carlos dos Santos, ao qual hoje, se me permite, quero me dirigir como a um amigo porquê de fato é o que tenho aqui experimentado ao lado do senhor nesse tempo: amizade, compreensão, apoio, respeito e proximidade.  Obrigado pelo seu testemunho de que vale a pena ser padre. Obrigado por desejar celebrar essa data tão especial conosco. A Deus louvamos pelo seu “sim”, pela sua vocação, pela sua história em nossa Arquidiocese (quantos trabalhos!), no Brasil (quantas dioceses têm recebido sua assessoria, inclusive como membro da equipe da CNBB para a redação da Nova Ratio para a formação presbiteral) e até no mundo ... (Roma, em sua passagem pela Congregação para o Clero). Por tudo isso, pelo seu “sim”, sinceramente, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Pe. Euder Canuto

(Diretor da Comunidade da Filosofia

Seminário São José)

 


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