Há algum tempo que uma das palavras mais ouvidas nos telejornais, na internet e até nas rodas de amigos é a palavra crise. Vivemos em todo o mundo uma prolongada e recorrente crise econômica, porque a lógica que conduz a economia é a acumulação egoísta e não a justiça e o amor fraterno. No Brasil, vivemos também uma das mais graves crises políticas de nossa história. Na análise desta conjuntura, há quem diga que a crise econômica é a causa da crise política ou vice-versa. De qualquer forma, não resta dúvida de que uma crise ajuda a aprofundar a outra.
Mas existe uma crise mais grave, da qual nem sempre se fala, e quem sem dúvida é a causa de todas as crises: a CRISE HUMANA. Vivemos em um tempo de crise de sentido para a vida, de uma crise de valores e esta crise pode ser qualificada também com um outro adjetivo: trata-se de uma CRISE ESPIRITUAL. É como sempre afirmou Bento XVI: “Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem é” (Caritas in Veritate, 78)
Certa vez, um cientista estava trabalhando em seu laboratório, enquanto seu filho, um menino de 5 anos o incomodava, convidando-o para brincar. Para distrair o menino, o pai pega de improviso uma revista, destaca uma página com o mapa mundi, faz com uma tesoura um quebra-cabeça e entrega ao menino dizendo: “toma isso, meu filho; assim que você montar este quebra-cabeça o papai vai jogar futebol com você”.
Para a surpresa de seu pai, em poucos minutos o menino volta radiante com a notícia de que o quebra-cabeça estava montado sobre a mesa. Intrigado, seu pai acorre e observa que é verdade. Mas não consegue entender como aquela criança foi capaz de tão grande proeza. Logo, o menino esclarece a questão: no verso do mapa estava o retrato de um homem. E jamais aquele pai/cientista apressado se esquecerá da lição: QUEM QUISER RECONSTRUIR O MUNDO, PRECISARÁ RECONSTRUIR O SEU HUMANO!
É nesse sentido que caminha a Pastoral da Sobriedade. Diante de um mundo em crise e diante da destruição que as drogas e outros vícios têm causado na sociedade, não oferecemos apenas um remédio para paralisar os vícios. Nós oferecemos - e queremos trilhar juntos - um CAMINHO DE VIDA NOVA, que, através da oração com a Palavra de Deus e a partilha fraterna, tem produzido bons frutos na reconstrução de muitas pessoas e famílias em crise. E, desta forma, tem contribuído - ainda que modestamente - na reconstrução da sociedade em crise, na qual vivemos.
Pe. D’Artagnan de Almeida Barcelos
Administrador paroquial da paróquia São José de Pedra Bonita
