Pe. Geraldo Martins
A posse dos eleitos, no dia 1º de janeiro, provoca sentimentos diversos a partir das ideologias ou opções partidárias de cada um. Não acredito na indiferença ou na neutralidade que alguns afirmam ter diante do cenário político brasileiro. Eleição sempre mexe com as pessoas e os novos governos despertam esperança ou incredulidade. Assim, a posse dos políticos para um novo mandato nos deixa com muitos pontos de interrogação. Especialmente em relação aos que assumem cargos executivos, perguntamo-nos: “E agora, o que vai acontecer? O que mudará? O que esperar dos novos mandatários da nação? Quem ganha e quem perde com o novo governo?”
São perguntas de difíceis respostas, contudo os discursos, as posições e as escolhas dos eleitos, sobretudo, para os cargos executivos, nos dão elementos para avaliar a tendência de seu governo. Aliás, os gestos e atitudes de revanchismo e intolerância ocorridos em muitos estados por ocasião da diplomação dos eleitos, no mês passado, são um forte indicativo do que esperar dos recém-empossados.
A ninguém é proibido levantar bandeira ideológica e partidária, desde que direcionada à construção do bem comum, razão de ser da política. Preocupa, no entanto, quando a ideologia e o partidarismo se revestem de autoritarismos e revanchismos, numa direção que leva a derrubar conquistas em favor dos direitos humanos, do desenvolvimento com justiça social, do respeito ao Planeta Terra, nossa Casa Comum.
Quem governa precisa ter consciência de que o faz em nome de todos e não apenas de quem o elegeu. Tal como os pais de uma família numerosa que ama e cuida de todos os filhos, dispensando especial atenção e cuidado, antes de tudo,aos mais vulneráveis, independentemente da razão de sua vulnerabilidade, quem exerce a sublime missão da política deve fazê-lo a partir dos mais pobres e excluídos, elaborando políticas públicas que lhes resgatem a dignidade e colocando o Estado a serviço deles em primeiro lugar.
O anseio é por renovação da política e de sua prática. Para tanto, requer-se renovação dos políticos que, na linguagem cristã, se traduz por conversão. Esta acontecerá quando os políticos abandonarem a velha prática de se servirem de seus cargos para benefício de si mesmos em detrimento do bem comum; quando fizerem do diálogo e do respeito às diferenças o caminho para a construção de uma sociedade fraterna; quando assumirem a ética como couraça que estanca a corrupção e os privilégios; quando traduzirem o poder de que são revestidos em serviço generoso e gratuito à população, versão concreta do gesto mais nobre ensinado por Jesus que é lavar os pés uns dos outros.