Gritar o evangelho com a vida

28/01/2019 às 11h48

Você conhece Carlos de Foucauld? Se não, vale a pena conhecer esse homem, sua história e, sobretudo, sua espiritualidade.

Nasceu em Estrasburgo, França, aos 15 de Setembro 1858. Era de família rica e nobre, mas perdeu o pai e a mãe ainda com seis anos de idade. Foi criado com o avô materno. 

Em 1870 estoura a guerra entre França e Alemanha. Sofre também com isso. Na adolescência perde a fé e mergulha numa vida desordenada, que o leva à tristeza e ao vazio. Torna-se um jovem solitário, fechado e angustiado.

Aos vinte anos começa uma carreira militar. Aos 22 anos é enviado como oficial para a Argélia. Três anos depois abandona o exército e começa uma arriscada exploração por Marrocos. Na viagem, é acolhido e protegido por muçulmanos muito religiosos que se tornam seus amigos. O testemunho de fé deles desperta em Carlos um questionamento: Será que Deus existe mesmo? 

Voltando à França, é bem acolhido pela família, que era profundamente cristã, sobretudo por uma prima, Maria, que teve um papel muito importante na sua conversão. Começa a frequentar a igreja, mesmo sem acreditar ainda. Mas lá repetia:“Meu Deus, se existes, faz que Te conheça”.

Felizmente encontra um padre que se torna pai e amigo. Num sermão esse padre afirma: “Nosso Senhor tomou de tal maneira o último lugar, que nunca ninguém lho conseguiu tirar”. Carlos ficou fascinado com esta frase e a grava no coração. Aos 28 anos se converte e toda a sua vida se transforma. Descobre maravilhado que quando andava longe de Deus, recusando-se a acreditar n’Ele, quando se afundava na desordem, Deus não cessava de esperá-lo e de procurá-lo, de guiá-lo, com uma ternura infinita. 

E então confessa: “Assim que acreditei que Deus existia, compreendi que não podia fazer outra coisa senão viver para Ele”. Decide passar um tempo em Nazaré para descobrir a mística daquele lugar onde Jesus viveu por tantos anos e se preparou para a Missão. Lá encontra uma frase de Jesus que vai tocá-lo profundamente: “O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40). Ele, que dedicava quase todo o seu tempo à adoração e meditação, decide também ir a terras mais abandonadas onde Jesus o esperava nos pobres e sofredores.

Mais ainda, resolve ser padre e é ordenado a 9 de Junho de 1901. Então parte para a Argélia. Constrói uma pequena casa, de porta sempre aberta, para acolher a todos, independentemente de nacionalidade, raça ou religião: “Quero acolher a todos, cristãos, muçulmanos, judeus, ou sem religião, para que vejam em mim um irmão, o irmão universal”. Todos começam a chamar a  casa de “fraternidade”.Começa a denunciar a miséria, a injustiça, a escravidão: “É preciso amar a justiça e odiar a iniquidade, e quando o governo comete uma injustiça grave contra aqueles por quem somos responsáveis, é necessário dizer-lho, pois não temos o direito de ser “sentinelas adormecidas”, “cães mudos”, ou “pastores indiferentes”.

Ouvindo falar dos Tuaregues, um povo pobre e de difícil acesso, vai viver com eles. Estuda a língua deles, não com o intuito de convertê-los ao cristianismo, mas para servir: “Quero ser tão bom que eles digam: “Se é assim o servo, como será então o Mestre?”

Em 1914 estoura a primeira guerra mundial. Os franceses são perseguidos na região. Muitos insistem com o irmão Carlos para que vá embora, mas ele se recusa a abandonar quem o acolheu. Emdezembro de 1916 é sequestrado por um grupo de rebeldes e acaba sendo assassinado.

Embora não tivesse a intenção de fundar congregação religiosa, após a sua morte foram surgindo vários grupos de padres, religiosos e leigos que, inspirados por seu testemunho, foram formando “Fraternidades” por todo o mundo, com o objetivo de viver a simplicidade de Jesus de Nazaré, levando uma vida sóbria, evitando todo apego ou consumismo, procurando servir no escondimento e, sobretudo, buscando “gritar o Evangelho com a vida”.

Pe. José Antonio de Oliveira


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