Da crise pode vir também coisa boa!

13/10/2016 às 09h07

A palavra da vez que passa por todos os lábios é a tal de crise. Quando não falamos, sentimos na própria pele através do desemprego, da necessidade de cortar gastos ou na paralização de projetos e sonhos.

A crise parece não ser apenas nossa, mas do mundo! E o mundo é o que está acontecendo à nossa volta.

Assim, a crise passa a ser nossa quando temos a estabilidade do nosso trabalho ameaçada, quando nosso poder de compra não é mais o mesmo e quando nossos compromissos não podem ser mais a longo prazo. Outros sinais da crise aparecem nas concorrências desleais, nas violências mais perto de nós, nas corrupções. É nesta hora que dizemos: Estamos em crise.

Crise financeira, crise econômica, mas as crises com vários nomes começam quando o ser humano passa a não valer mais como ser humano e fica reduzido à categoria de objeto. Passa a valer pelo que produz, alimentando o sistema que o envolve. Neste momento, tanto para as pessoas, quanto para a sociedade, há sucessivas perdas de valores, princípios e referências.

Já tivemos outras crises e elas passaram. O que deve acontecer também com esta. Admitindo esta possibilidade, podemos adiantar o seu passamento usando do próprio veneno da crise.

Ela pode nos fazer enxergar mais longe!

Observando bem, é muita gente que passou a ganhar a vida fácil a partir da crise. São vantagens e mais vantagens, lucros e mais lucros que deveriam ser distribuídos para muitos e que estão indo para cofres maiores, porém de poucos donos.

Não sei se é apenas conversa, mas estamos em uma região pastoral (Oeste), sobre a qual já ouvi dizer que é um grande cofre guardando uma riqueza mineral sem precedentes. Só Congonhas, Ouro Branco ou mesmo Lafaiete estão sob os olhares de um mundo que se vê simplesmente para o sistema e para a economia, sem nenhum critério humano ou humanizante. Só é contada aquela pessoa que faz bem ao sistema e à economia.

É como um filho que recebe a herança do pai e dela se desfaz facilmente, ou para alimentar seus projetos pessoais ou por não ter projetos.

Acredito que em nossa área pode haver de fato, uma concentração de riquezas naturais (minério) e a crise pode nos despertar pela sua conservação e valorização. Que a crise não nos iluda ao ponto de nos levar a abrir mão de nossas riquezas, permitindo-nos ser explorados. Como diz D. Geraldo, “minério é roça de uma colheita só”. E depois? Somente buracos, erosões e lamas.

Mesmo que isto seja uma simples conversa, precisamos ficar atentos para não perder a nossa vocação de lutar. Não se ganha a vida de maneira fácil, mas através de muita luta. Não se pensa aqui em uma luta conflituosa, onde os dois lados pensem e defendam seus próprios interesses, mas uma luta em que queremos estar todos do mesmo lado, superando os individualismos, refazendo as forças comuns e sentindo-nos responsáveis pelo cuidado para com os bens naturais guardados em nossa área, para atender às necessidades de todos os seus filhos e filhas.

6º Fórum Social pela vida está chegando. E que venha a nos inquietar de tal forma que não nos acomodemos diante dos olhares dos outros sobre as nossas riquezas, mas também nós aprendamos a contemplá-las na perspectiva de não permitir que desviem-se das finalidades com que vieram de Deus para nós. Isto também é cuidar da casa comum.

Pe. Geraldo de Souza Rodrigues


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