Uma conferência sobre a história da Igreja particular de Mariana, ministrada pelo arcebispo emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, abriu o Simpósio Acadêmico do Seminário São José e da Faculdade Dom Luciano na noite dessa segunda-feira (4), no Instituto de Teologia do Seminário.
Ressaltando o contexto histórico em que a diocese foi fundada e a importância da cidade de Mariana, antiga Vila do Carmo, Dom Geraldo disse que “Mariana é a primeira cidade, primeira capital e primeira diocese de Minas Gerais”.
Segundo ele, em 1720, o Conde de Assumar propôs a criação de uma diocese em Minas Gerais e outra em São Paulo. “Essa proposta vinha ao encontro dos interesses geopolíticos de Portugal. Pois, preparava o terreno para reconhecimento papal da expansão portuguesa em direção ao Oeste”, afirmou. Ele completou que “em 1745, pela bula Candor lucis aeternae, o Papa Bento XIV criou a diocese de Mariana, desmembrada do Rio de Janeiro, juntamente com a diocese de São Paulo”.
Dom Geraldo explicou que os motivos da escolha de Mariana para sede do novo bispado foram apresentados pelo cronista do panegírico intitulado Áureo Trono Episcopal, elaborado por ocasião da entrada solene de Dom Frei Manuel da Cruz, primeiro bispo de Mariana. “A primeira é de natureza cronológica, pois a vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo é a mais antiga povoação da região mineradora e aqui foi erguida a primeira capela. A segunda razão é de ordem política, talvez a mais determinante, pois a fidelidade para com a coroa portuguesa pode ter sido recompensada com o trono episcopal. A terceira razão é de ordem geográfica, pois a vila do Ribeirão do Carmo fica no meio, no coração do território da nova diocese”, ressaltou.
O arcebispo emérito também lembrou que a igreja matriz dedicada a Nossa Senhora da Conceição foi elevada à categoria de catedral de Nossa Senhora da Assunção na época. “A mudança do título se deve a um voto do rei de Portugal quando, em 1385, o reino português se encontrava ameaçado pelo reino de Castela. A razão era a sucessão ao trono de Portugal, ambicionado pelo rei de Castela que, através das complicadas linhas dinásticas, era um dos pretendentes. Os portugueses, comandados por aquele que seria D. João I, resistiram às pretensões de Castela. O momento decisivo da disputa se deu na manhã de 14 de agosto de 1385, na célebre batalha de Aljubarrota onde os portugueses, com um exército visivelmente inferior, venceram as armas de Castela, na véspera da festa da Assunção de Maria. Os lusitanos tomaram essa vitória como um verdadeiro milagre e o atribuíram a Nossa Senhora da Assunção. Para agradecer à Senhora, os benefícios e a salvação de Portugal nesse momento de tantos perigos, Dom João I determinou que de então em diante, todas as catedrais do Reino fossem consagradas a Nossa Senhora da Assunção. Ao que tudo indica, D. João V, em 1745, fez cumprir esse voto em Mariana e São Paulo, as duas dioceses irmãs gêmeas, criadas pela mesma bula pontifícia”, pontuou.
O Simpósio
Com o objetivo de conhecer a história da arquidiocese, ser um espaço de reflexão e entrosamento entre os seminaristas, o Simpósio Acadêmico será realizado até o dia 6 de fevereiro.
Padre Adilson Umbelino Couto, da organização do evento, explica que a edição deste ano vem dar continuidade a primeira edição, que foi realizada em 2015. “Percebemos muitos frutos daquele evento. Neste ano, resolvemos dar continuidade a essa formação, após escutar a comissão dos professores, conselho de formadores e os estudantes. Temos uma rica história de fé, de devoção, de cultura. A arquidiocese de Mariana tem muito a oferecer para o nosso conhecimento e vivência”, ressaltou padre Adilson
A programação do evento conta com três conferências, comunicações, mesa redonda e uma exposição no Salão Teológico do Instituto com fotografias, imagens e objetos litúrgicos do acervo do seminário.