Testemunhas da Misericórdia

17/10/2016 às 08h56

Côn. Tarcísio Sebastião Moreira

O Ano da Misericórdia, promulgado pelo Papa Francisco, caminha para o seu término. Contudo, o encerramento deste “tempo da graça” perpassa por este mês de outubro, quando a Igreja nos relembra sua razão de ser e, em Jesus Cristo, Rosto da Misericórdia do Pai, fundamenta a nossa fé e nossa missão, como Igrejas vivas do Senhor.

Ser Igreja viva, testemunha da Misericórdia, exige de nós cristãos e cristãs, um empenho crescente no discipulado, trilhando o caminho do seguimento e um esforço para que nossa vida expresse de fato a presença amorosa de Deus em nós e no meio de nós. Assim, a missão se torna frutuosa, quando regada pelo testemunho de quem se fez discípulo e, em cada palavra ou atitude, expressa com fervor intenso, o júbilo de quem faz essa experiência de se encontrar com Jesus ou deixar-se encontrar por Ele.

A Primeira Carta de João nos impressiona pela ênfase dada ao amor. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou primeiro e nos enviou seu Filho para expiar nossos pecados. Queridos, se Deus nos amou tanto, também nós devemos amar-nos uns aos outros ” (1Jo 4,10-11). Quem ama, faz esta experiência do encontro, se rejubila com a pérola encontrada e/ou com o tesouro achado. O amor é a alma de tudo (1Cor 13,1-13). A missão, portanto, é a resposta ao amor recebido do Pai, por Jesus, no Espírito Santo. Um amor que transforma e resgata; um amor que faz novas todas as coisas! Quanto mais amarmos uns aos outros, sem exceção, tanto mais conheceremos o Cristo e, consequentemente, teremos clareza da nossa missão no meio do mundo. “Queridos, amemos uns aos outros, pois o amor vem de Deus; todo aquele que ama é filho de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conheceu a Deus, já que Deus é amor. ” (1Jo 4,7-8).

Duas imagens bíblicas nos ajudam a compreender esta atitude missionária como testemunhas da Misericórdia: O Bom Samaritano e o Cirineu; o primeiro revela esta face da Misericórdia. É Jesus, Missionário do Pai, que se debruça sobre nossa humanidade ferida às margens da vida. Ele vem para nos resgatar da morte e, para concretizar esta missão, se oferece livremente no altar da cruz; o segundo, nos remete à nossa jornada de peregrinos no meio deste mundo e à principal postura de quem deseja ser discípulo-missionário. O Cirineu aparece silenciosamente e de forma quase anônima, no caminho do calvário para ajudar Jesus a conduzir seu madeiro.

Ser missionário, Igreja viva do Senhor, é nos debruçar sobre a humanidade excluída e marginalizada; é irmos para as “periferias existenciais” como diz Francisco, resgatar os filhos e filhas de Deus, curar suas feridas, cuidar da vida em todas as suas expressões. Ser seguidor de Jesus é nos comprometer com a construção do seu Reino. Para isso, precisamos assumir como nossa a cruz do outro, na solidariedade, na fraternidade e, especialmente, na construção do bem comum. Assumir a dor do outro, ter compaixão, lutar pela igualdade de condições de vida, dando a nossa própria vida. Jesus é o nosso Cirineu para que nos tornemos cireneus uns dos outros. Amando e servindo!

Assim, expressa o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia das Missões: “Que Maria, ícone da humanidade redimida, modelo missionário para a Igreja, ensine a todos nós, homens e mulheres, a gerar e guardar por todo o lado a presença viva e misteriosa do Senhor Ressuscitado, que renova e enche de jubilosa misericórdia as relações entre as pessoas, as culturas e os povos”

Sejamos, portanto, testemunhas da Misericórdia, aperfeiçoando nossas relações e trabalhando pela construção do Reino, sob a proteção de Maria, esta é nossa missão!


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