Padres conversam sobre a realidade das barragens em Encontro de Presbíteros e Diáconos

13/03/2019 às 19h43

A situação das barragens localizadas no território da arquidiocese foi pauta de uma reunião entre os padres no XXIX Encontro de Presbíteros e Diáconos, no Retiro das Rosas, na tarde dessa quarta-feira (13).

Durante a conversa, os padres apresentaram a realidades das cidades e suas preocupações. Um mapa de risco sobre o número de barragens em Minas Gerais foi apresentado o padre Antônio Claret ressaltou a importância dessa articulação em favor das comunidades atingidas.

O pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Glória, padre Geraldo Martins, pontuou que a questão das barragens toca de perto a realidade da arquidiocese de Mariana. “O levantamento do jornal o tempo, do dia 28 de janeiro, traz que 13 municípios no território da arquidiocese tem barragens, sendo um total de 134 barragens. Diante dessa realidade, a Igreja não pode ficar indiferente, sobretudo, considerando as inseguranças e incertezas das barragens. Por isso, um grupo de padres teve a ideia de reunir todos os padres desses municípios para juntos conversarmos e socializamos sobre essa realidade”, disse.

Para dar continuidade ao debate e a reflexão, os padres agendaram uma próxima reunião para o dia 22 de março, em Ouro Preto. A proposta é avaliar a situação e ver as possibilidades de organização da caminhada em defesa das comunidades.

Segundo o pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Mariana, padre Anderson Eduardo de Paiva, a reunião foi muito interessante. “Números que eram desconhecidos por mim foram apresentados, como o número de pessoas impactadas e de barragens que nós temos na nossa arquidiocese. É próprio do ministério presbiteral uma preocupação com o outro e, mesmo que muitos de nós não sejamos de maneira direta atingidos, muitas pessoas que nós conhecemos serão atingidas e nós temos uma corresponsabilidade com ela”, disse

O pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto, cônego Luiz Carneiro pontuou a iniciativa dos padres em promover essa conversa. “Ficamos felizes com essa iniciativa do padre Geraldo Martins e de outros padres. Para nós pensarmos, como Igreja, o que podemos fazer em favor daqueles que estão sofrendo com a preocupação de serem atingidos pelas barragens é algo importante”, ressaltou.

Realidade das Barragens

Em todo o país é possível encontrar barragens sujeitas ao risco de rompimento. Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens, divulgado anualmente, no Brasil há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Esses acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, mas também outros eventos menores. Do primeiro relatório, produzido em 2011, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Sendo a maioria deles com barragens por alteamento a montante.

Na arquidiocese de Mariana, antes do rompimento da Barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, que matou 19 pessoas, destruiu Bento Rodrigues e o Rio Doce, outras tragédias com barragem já tinha acontecido. O primeiro registro deste tipo de acidente foi em 1986, quando sete pessoas morreram, em Itabirito, com o rompimento da barragem de rejeito da mina de Fernandinho. Em 10 de setembro de 2014, o talude da barragem B1, na Mina Retiro do Sapecado, da Herculano Mineração, em Itabirito, se rompeu e deixou três mortos e um ferido. O acidente aconteceu quando seis funcionários trabalhavam na manutenção da barragem e foram surpreendidos pela onda de lama e rejeitos de minério.

Dados do Mapa do Risco apontam que 70 cidade mineiras possuem barragens de mineração. Dentre elas várias fazem parte do território da arquidiocese de Mariana, como as cidades de Barão de Cocais, Congonhas, Itabirito, Mariana e Ouro Preto.


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