Mineração, barragem

01/04/2019 às 10h09

O verdadeiro progresso deve ter como objetivo primário a realização plena de todo ser humano. E a realização plena de uma pessoa supõe que ela possa viver em paz. E para alguém viver em paz é necessário que haja segurança. O que não significa apenas ausência de violência, mas a certeza de que seus direitos serão respeitados. Direito ao teto, ao trabalho e à terra para quem nela trabalha, como disse o Papa Francisco. A segurança que favorece a paz consiste na certeza de que onde mora, onde trabalha, o que faz e como faz não venha por em risco a saúde, menos ainda a vida.

Hoje existe tecnologia para o processo de beneficiamento do minério a seco. Todavia, os custos são mais elevados que o antiquado sistema utilizado pelas mineradoras no Brasil. Vivemos numa sociedade capitalista, individualista, injusta e desumana. Uma sociedade onde o capital se sobrepõe à pessoa humana. O que conta é a produção, o lucro e não o ser humano como construtor de uma sociedade feliz.

É urgente que o ser humano pare e pense. A única criatura possuidora de razão, o único ser criado à imagem e semelhança do Criador não pode por em risco a própria vida nem a de outros. A vida é um dom precioso. É imoral, ilegal e desumano por causa do lucro por em risco a vida humana como fazem tantas companhias mineradoras construindo barragens de rejeitos usando métodos ultrapassados.

No Egito, a água que salvou a vida de Moisés, líder do povo hebreu, se tornou um rio de sangue por causa da escravidão dos pobres. A água bendita do rio Paraopeba que sacia a sede, realiza a limpeza e alivia o cansaço se torna água maldita, envenenada e imunda, arma assassina nas mãos de inescrupulosos e desumanos bípedes.

Ai de vocês, os ricos! (cf. Os 4,3; Am 6,1), gritam os profetas.“Vocês já têm a sua consolação”, disse Jesus (Lc 6,25). E afirma “Dificilmente entrará um rico no reino do céu” (Mc 10,23). Quem inferniza a vida dos pobres trabalhadores edifica sua ruina eterna. A injustiça contra os pobres clama ao céu. Deus ouve o clamor de seu povo e desse para libertá-lo (Ex 3). Os pobres são os preferidos de Deus (cf. Is 61; Am4,1).

Como se pode entender que um povo que se diz cristão (90%), tenha em seu meio tantos torturadores!? O brasileiro criou um cristianismo oposto aos ideais de Jesus Cristo. Mas... “a esperança não decepciosa” (Rm 5,5).

Cipotânea, Pe. Luiz Faustino dos Santos


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