29ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras será realizada em Carandaí

02/04/2019 às 15h52

A 29ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras será realizada em Carandaí, na Região Sul, no dia 1° de maio. Organizada pela Dimensão Sociopolítica da arquidiocese, a edição deste ano terá como tema “Em nossa organização, a semente da transformação”.

Na última segunda-feira (1), a equipe de organização esteve reunida no Centro de Pastoral da Paróquia de Sant’Ana, em Carandaí, para revisar os trabalhos já encaminhados. Durante o encontro, o grupo confirmou a realização de um tríduo preparatório para a Romaria nos dias 28 a 30 de abril na cidade. A integrante da equipe de organização, Leci Nascimento, explica que este tríduo será uma forma de preparar as pessoas para a romaria e de conscientizar a todos sobre os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Outra atividade que foi confirmada na reunião é o Seminário Regional,  que será realizado no dia 1° de setembro. “Ele será fruto da Romaria. Um espaço para estudo da Carta Encíclica do Papa Francisco sobre a ecologia integral e o cuidado da casa comum, a Laudato si”, disse Leci.

No dia 1° de maio, a concentração para a Romaria será a partir das 8h no Parque de Exposição Prefeito Benjamim Pereira Baeta. Em seguida, os romeiros saíram em caminhada pelas ruas da cidade. A caminhada será intercalada por quatro momentos de reflexão e oração. Na chegada, na praça da igreja matriz de Sant’Ana, será realizado o plantio de uma árvore. Após este momento será celebrada a missa em ação de graças pelo dia do trabalhador e da trabalhadora.

Para inscrever a sua caravana, os responsáveis devem entrar em contato com a secretaria paroquial pelo telefone (32) 3361-2025.

 

Ilustração do cartaz 

Todos os anos um cartaz de divulgação é pensando para divulgar o evento. Neste ano, a ilustração foi feita elaborada pelo Coletivo Repentistas do Desenho, de Viçosa (MG). Segundo o coletivo, a ilustração representa a quebra da dicotomia campo-cidade e vem trazer a necessidade de de diálogo entre os trabalhadores para a problematização de que os conflitos gerados no campo impactam diretamente na vida das pessoas no meio urbano e que esse impacto está para muito além da alimentação. “Seguindo essa idéia, esse diálogo propicia na imagem uma visão do campo não somente como um território de produção de alimentos, mas onde se produzem meios de vida, onde a vida se reproduz. Trabalhadoras, trabalhadores e outros atores sociais representados unidos pela bandeira das lutas, adentram a cidade cinza, trazendo à selva de pedras, uma outra perspectiva de mundo, outra racionalidade, na qual o pescador e o rio convivem harmoniosamente, cada qual seguindo seu curso”, explica o coletivo.

 

 

 

História da Romaria

Dentro clima da Campanha da Fraternidade (CF) de 1991, que debateu sobre a situação do trabalhador, a Pastoral Operária e a Forania de Ponte Nova realizaram pela primeira vez a Romaria dos Trabalhadores na cidade de Urucânia (MG). A celebração teve como intuito refletir sobre a situação que vivia o homem do campo na região.

“Estávamos muito próximos da Constituição de 88, a retomada da garantia de direitos, e aqui, a situação de trabalhadores era muito precária. Pensamos que a romaria poderia levar os trabalhadores para um outro horizonte, pois, o Dia do Trabalhador era tomado pelos patrões, por sindicatos patronais, que faziam uma festa alienante, e queríamos dar uma alternativa mais crítica e pastoral”, explica Gilson José, que participou da organização das primeiras romarias.

A religiosidade popular foi um dos fatores de Urucânia ter sido escolhido como palco da primeira romaria. “O local por si é evocativo, atrativo e possui, desde aquela época, uma estrutura adequada”, ressalta Gilson.

Segundo ele, o aspecto pedagógico da mobilização popular também foi pensando. “Trata-se de processo educativo, formador, que potencializa o povo a ser protagonista. Na mobilização, o povo se torna sujeito, aprofunda a interpretação da realidade. Era uma coisa coletiva, e aos poucos foi se tornando pauta também de outras regiões, como o Vale do Aço. Era um momento que atraía a atenção da imprensa regional, das autoridades, criando certa expectativa e impacto, tornado forte a presença da Igreja, com sua palavra forte, seus gritos de libertação”, disse.

A Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras foi importante para a formação da Pastoral Operária e da Dimensão Social. “Ela articulou as diversas pastorais sociais, dialogando com as organizações dos trabalhadores, permitindo um crescimento de todos. Posso recordar como essa mobilização fez bem à Pastoral da Juventude, que eu assessorava na região nessa época. Para quem não sabe, há o processo de preparação, reflexão do tema, organização prévia, e avaliação posterior. O momento celebrativo é sempre muito forte, pois evoca as conquistas e os passos para trás, mas principalmente realimenta a fé em deus e na vida, na organização, na fraternidade”, salienta Gilson.

Quando se aproximava a comemoração dos 25 anos, a Romaria, já sob responsabilidade da arquidiocese, passou a ser realizada em outras regiões e foranias. “Ela também procurou debater também questões sociais de outras áreas, como a mineração, os minerodutos, as barragens, toda essa realidade que afeta duramente várias comunidades hoje”, acrescenta Gilson.

Atualmente a coordenação e organização da Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras é de responsabilidade da Dimensão Sociopolítica. A cada ano, milhares de pessoas participam desta caminhada de fé e reflexão.

 

Oração em preparação à Romaria dos Trabalhadores

Pai de bondade, doador de todos os dons e bens. A vós, confiamos os frutos de nossa 29ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Arquidiocese de Mariana. Reunidos na cidade de Carandaí, na Região Sul de nossa Arquidiocese, renovamos nosso compromisso de seguir Vosso Filho Jesus, como discípulos missionários, assumindo, na perspectiva do Reino, a defesa da vida e dos direitos em favor de todos, a começar dos pequenos, dos mais empobrecidos e excluídos. Comprometidos com a ecologia integral, queremos dizer não à perda de direitos; dizer não aos agrotóxicos que têm produzido doenças, danificado a terra, nossa Casa Comum, e levado à morte trabalhadores e consumidores; dizer não à exploração, à exaustão dos bens naturais, como a água, a terra e o minério para atender, não às necessidades do povo, mas do mercado, à avidez do lucro e do consumo desenfreado. Guiados por Vosso Santo Espírito e sob a proteção de São José, firmamos nosso compromisso de trabalhadores e trabalhadoras com a cidadania ativa e o bem comum, empenhados com as políticas públicas, sobretudo, de atendimento ao trabalhador do campo e da cidade para que não falte a ninguém o necessário; o meio ambiente seja preservado e todos tenham vida em abundância.

Amém

 


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