Há séculos, a evangelização da Igreja gira em torno da estrutura paroquial. As paróquias surgiram como espaços menores de evangelização, como pequenas comunidades, em vista da dimensão territorial da igreja. Porém, diversas reformas, ao longo do tempo, acabaram por reduzir a paróquia a uma estrutura burocrático-administrativa. Ela enrijeceu, parecendo-se realmente um algo sem vida, incapaz de provocar mudança na vida das pessoas. Isso não quer dizer que tenha perdido a sua importância na ação evangelizadora da Igreja, mas é preciso rever esta estrutura e transformá-la, por uma conversão pastoral, em um polo de irradiação da vida cristã de nossas comunidades.
Hoje, o trabalho da Igreja está voltado para pequenas comunidades, de modo que a Paróquia seja uma Comunidade de comunidades. Para que isso aconteça, algumas atitudes são necessárias:
É necessário superar o modelo de Paróquia centralizado no padre e nos sacramentos, recuperando a Centralidade da Palavra e dinamizado a Paróquia pela evangelização. “O problema, hoje, é passar da paróquia centrada nos sacramentos, na matriz e no padre, onde se atende a massa dos fiéis, para a multiplicidade de comunidades menores, esparramadas pelo meio do povo, onde seja possível o processo de discipulado. Na Paróquia tradicional, o referencial são os sacramentos e o padre. Nas comunidades, com ou sem o padre, o povo se reúne em torno da Palavra” (Torres-Londoño – Paróquia e Comunidade no Brasil).
A estrutura de nossas capelas não contribui para a compreensão da centralidade da Palavra. Quando se projeta a construção, uma das primeiras coisas que o padre e o povo decidem é onde vai ser o “altar da missa”. Ainda não vi (pode ser que exista) uma capela onde se construiu também o “altar da Palavra”.
É indispensável a formação para o exercício dos Ministérios leigos, principalmente o ministério da Comunhão Eucarística e o ministério da Palavra. Há entre nós muitas reclamações de que o povo só se reúne, quando o padre vai para celebrar a missa. O problema não reside tanto no povo, mas na preparação daqueles que presidem as celebrações na comunidade. Coitados! Fazem um sacrifício enorme para estar à frente, presidindo, mas não têm, muitas vezes, o mínimo de preparação necessária, até mesmo para falar. Por isso, a descentralização da evangelização em nossas Paróquias deve levar em conta uma sólida formação de leigos e leigas, coordenadores de comunidades, líderes de pastorais, catequistas e ministros. É comum ver entre nós, líderes e agentes que não participam das celebrações na comunidade, quando o padre não está presente. Quantos coordenadores de comunidades e membros de nossos conselhos que não tiveram o mínimo de formação, nem mesmo uma devida orientação, para exercer a função para a qual foram designados!
Está na hora de o tema da formação deixar de ser prioridade em nossas assembleias para ser realidade em nossas paróquias e comunidades.
Pe. José Geraldo de Oliveira