Descendimento da Cruz reúne centenas de pessoas em Mariana

20/04/2019 às 11h55

Repleta de fiéis, a Praça Mina Gerais, em Mariana (MG), foi o cenário para o Descendimento da Cruz na noite dessa sexta-feira santa (19). A cerimônia foi iniciada com a apresentação do figurado bíblico e, em seguida, foi realizado o sermão do descendimento pelo arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

“Que este momento aqui vivido por todos nós ecoe no mais profundo do nosso coração. Pois, não há outra lição mais importante para ser aprendida do que essa que estamos  vivenciando juntos. Estamos contemplando o mestre Senhor crucificado e são os seus passos que somos chamados a seguir”, disse Dom Walmor.

O arcebispo lembrou que na arquidiocese de Mariana, primeira diocese de Minas Gerais, sempre se cultivou a força da fé. “Podíamos imaginar que os nossos antepassados, aqueles que caminharam em uma história tão rica de Minas Gerais, de mais de 300, se não tivessem cultivado essa fé nessa arquidiocese, como estaríamos hoje?”.

Dom Walmor também pontuou que o mundo precisa de mudanças e que essa é uma tarefa de todos. “Há muita gente sofrendo por não ter trabalho. Há muita gente sofrendo por causa das mazelas do mundo e da política. O mundo precisa de uma reorganização, de uma dinâmica nova superando tudo o aquilo que é corrupção, para que o cuidado com a vida do povo seja mais a altura daquilo que deve ser. Temos condições e recursos naturais para isso. Embora, com os largos desrespeitos com a Casa Comum. Como aconteceu em Bento Rodrigues e em Brumadinho. Toda essa situação deixou inúmeros irmãos e irmãs, em diferentes lugares, desassossegado. Tudo isso em razão da idolatria do dinheiro. Na verdade, as condições são favoráveis. Existem recursos, que tratados adequadamente, poderão nos fazer viver com mais equilíbrio social.  Esta é uma luta enorme e nenhum de nós pode simplesmente se calar diante das injustiças e dizer que essa é uma tarefa de outros. Quando é uma tarefa cidadã, de cada um de nós”, disse.

Ainda no sermão, o arcebispo disse que o maior tesouro das pessoas é a fé. “Estamos aqui para nos convencermos de que tudo nosso é importante, a nossa vida, como dom de Deus, aquilo que possuímos e nos dá o sustento de cada dia, nosso trabalho, nossas tradições. Mas, o maior tesouro nosso é a nossa fé. Por isso, compreendemos que o mundo vive uma grande crise. Uma crise profunda de fé”, afirmou.

Citando João, o discípulo amado, Dom Walmor disse que “o lugar de cada um de nós é aos pés da cruz, como discípulos. O nosso lugar é aos pés da cruz, por isso aqui estamos. Para reavivar no coração de cada um de nós que nós somos discípulos e discípulas. Se não renovarmos no nosso coração a condição de discípulo e discípula caminharemos, mas não chegaremos a meta”.

Estamos aqui contemplando o Cristo crucificado do lugar de João, o discípulo amado. Na alegria de poder caminhar junto de Maria, que se faz para nós uma discípula exemplar, mostrando que ela tem em Deus uma confiança incondicional. Não caminhamos sozinhos. Maria caminha conosco. Cumprindo, de maneira bonita, o que o Filho lhe deu como missão”, disse Dom Walmor.

Após o sermão, os fiéis seguiram em procissão, levando o Senhor morto, até a Praça da Sé.

 

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