“Não tenho direito ao voto, mas tenho direito à palavra”, diz dom Geraldo Lyrio

04/05/2019 às 11h56

A vivência da emiritude no episcopado foi motivo de conversa na tarde desta sexta-feira (03) durante a 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida. O arcebispo emérito de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, participou da entrevista coletiva juntamente com dom Vilson Basso e dom Leomar Brustolin. Em todo o Brasil são 171 bispos eméritos, dos quais 43 estão presentes nestes dias na terra da Padroeira do Brasil.

Dom Geraldo começou sua entrevista ressaltando a verdadeira natureza de uma assembleia geral.“A assembleia geral não é uma espécie de associação dos bispos, um sindicato dos bispos, mas o encontro dos pastores da Igreja Católica no Brasil. Nos encontramos para partilhar nossa experiência pastoral e refletir sobre a realidade em que vivemos. É um encontro eclesial, é coisa da Igreja. E o que é da Igreja conta sempre com a presença de Jesus ressuscitado, conta com a Graça do Espírito Santo que ilumina os pastores”, disse.

Segundo dom Geraldo, os bispos eméritos não são membros da CNBB, por isso não têm direito a voto. Inclusive, essa é uma orientação do próprio Código de Direito Canônico.“Não estando à frente de uma Igreja Particular, não convém que um bispo emérito intervenha nas decisões que outros vão cumprir. Essa é a primeira assembleia que participo como emérito. Me sinto muito bem aqui. Terminou minha função como bispo de Mariana, mas continua minha missão como bispo. Não tenho direito ao voto, mas tenho direito à palavra. A palavra dos bispos eméritos é importante no processo da AG. É bonito ver a unidade da Igreja. Há um pluralismo saudável. Triste seria um pensamento único que caracteriza as ditaduras. Na diversidade construímos comunhão”, refletiu.

Quando questionado sobre os constantes ataques que a Igreja vem sofrendo, dom Geraldo Lyrio usou de sua experiência e espiritualidade, utilizando a passagem de São Mateus (8,23-27), quando Jesus acalma a tempestade.

“Primeiro, não há tempestade que dure para sempre. Tempestade passa. Depois, o que nos conduz é uma atitude de fé. Jesus, nesta passagem, disse uma palavra que foi uma chamada; por que ficaram com medo, homens de fé tão curta? Não sabiam que eu estava aqui?’. Se Ele está aqui, não tem perigo, o barco não afunda. A Igreja vive essa situação na sua história. Os ventos são contrários, fortes, as ondas são gigantes, muita água entra no barco, mas não precisa ter medo, porque nesse barquinho frágil da Igreja, Jesus está presente”, finalizou.

Fonte: CNBB


Voltar

Confira também: