Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus mostrou, admiravelmente, a relação essencial entre o verdadeiro Pastor, suas ovelhas e o Pai (Jo 10, 27-30). Deixou clara a maneira de ser de quem O segue. Ele transmite a paz, a alegria e apela para o testemunho dos que O conhecem. Ele chama pelo seu nome cada uma de suas ovelhas, aquelas que se dispuseram a segui-lo. Abre-lhes um caminho e elas estão sob a proteção amorosa e cuidadosa do Pai. Afiança: “Eu e o Pai somos um”. Cada batizado é chamado pelo seu nome a se tornar no corpo eclesial fiel às diretrizes de um guia sábio e que quer o bem dos que lhe pertencem. O principal é saber escutar. Jesus foi claro ao afirmar: “Minhas ovelhas escutam a minha voz”. Daí uma esperança luminosa a envolver o seu rebanho, dado que Ele é a Verdade e a Vida. Ele conhece bem as dificuldades pessoais, familiares, comunitárias e está atento para ajudar, orientar. Mais do que segurança, oferece a certeza absoluta da obtenção da vida eterna. Ele o vencedor, verdadeiro homem que vive a mesma vida de Deus sempre presente em sua Igreja. É esta presença diuturna que anima os que O acompanham, por ser Ele mesmo o Caminho que leva às delícias perenes da casa do Pai. O grande segredo é a convivência entre o Pastor e sua ovelha, sendo que esta percebe sempre que suas mensagens são de encorajamento, uma vez que Ele protege e jamais nenhuma de suas ovelhas perecerá. O tempo de repouso não é agora, mas no fim da caminhada. O rebanho está em marcha e as ovelhas de Cristo se sentem responsabilizadas pela evangelização. Esta inclui não só cuidar para que nenhuma se transvie, mas também para outras venham para o redil do verdadeiro Pastor. Todas conscientes do que disse São Paulo sobre o mandato de Cristo: “Eu te estabeleci como luz das gentes, para levares a salvação até às extremidades da terra” (Atos 13,47). Trazer esta missão para o cotidiano quer dizer ser portador da doutrina de Jesus, o Bom Pastor, dentro do horizonte da vida de cada um, no lar, nos lugares de trabalho ou de diversão, envolvendo a todos na compreensão, no perdão cordial, no devotamento, na solidariedade, no conforto na hora da solidão. Estes momentos são testes de fidelidade, apesar de muitas vezes as provações parecerem além das próprias forças, mas jamais permitindo o desânimo. O Pastor é maior do que todas as vicissitudes e está sempre ao lado da ovelha que O invoca. Esta poderá fica tranquila, pois Jesus afirmou no Evangelho de hoje que jamais esta ovelha perecerá e que ninguém a arrebatará de sua mão. O Bom Pastor é um guardião e um defensor. Entretanto, todo cuidado é pouco, e cumpre a quem não que se desgarrar de seu Pastor se libertar das falsas ilusões disseminadas pelos meios de comunicação social e por tudo que significa devassidão e atos indignos de uma ovelha de Cristo. Seria triste cair nas mãos do diabo e suas horripilas artimanhas É preciso, porém, que o Bom Pastor esteja sempre vivo nas comunidades por meio de um apostolado esclarecido, dinâmico e eficaz. Jesus ensinou que Ele e o Pai são Um. Sua prioridade foi sempre trabalhar no projeto do seu Pai. Este lhe confiou as ovelhas que Ele bem conhece e delas se ocupa. Ele é a fonte da vida e conduz para as águas vivas. Suas ovelhas então O escutando e seguindo podem, de fato, arrastar as que estão longe da Verdade para virem para junto de Jesus. Eis aí o ideal pastoral que une todo o rebanho do Bom Pastor, cujo estilo de vida deve impregnar suas ovelhas. Através do batismo o cristão participa do múnus profético de Cristo e lá onde Deus o colocou é sempre o mensageiro de tudo que o Bom Pastor ensinou. Donde a corresponsabilidade na missão de Cristo, na missão da sua Igreja, cada um de acordo com os talentos que recebeu de seu Senhor. Trata-se de tudo fazer para que o rebanho de Jesus seja um rebanho vivo. Não negar jamais a contribuição pessoal nas atividades pastorais dentro das possibilidades possíveis. Mesmo porque a todos é possível o apostolado do bom exemplo que arrasta e faz a grandeza do rebanho de Cristo.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.