Em clima de fé e luta, milhares de pessoas se reuniram em Itabira (MG), neste domingo (2), para participar da 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. Os romeiros se concentração no estacionamento do Valério e de lá seguiram em caminhada até a portaria da Vale no complexo da mina Cauê. Na porta da mineradora, cruzes com os nomes das vítimas da tragédia em Bento Rodrigues foram colocadas. O ato lembrou a dor de todos os atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015, e também fez memória a tragédia de Brumadinho. Além de uma caminhada, uma missa na praça José Máximo Rezende foi presidida.
Algumas pessoas que viveram essas tragédias participaram da romaria, deram seus depoimentos e uniram-se às vozes de tantos outros, aterrorizados pela possibilidade de novos desabamentos de barragens, como o povo de Barão de Cocais.
Para o bispo da diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, Dom Marco Aurélio Gubiotti, as pessoas não devem se esquecer do que aconteceu em Mariana e Brumadinho. Segundo ele, os cristãos precisam ser solidários com quem teve a vida afetada pelas tragédias. “Queremos ser solidários com cada irmão e irmã que perdeu sua vida. Com cada família que chora a ausência de seu parente. Queremos lembrar daqueles que estão escritos aqui nas cruzes , mas também daqueles que estão escritos em nossos corações. Queremos ajudar os nossos irmãos a carregarem as suas cruzes” disse o bispo.
Como tema “Bacia do Rio Doce, nossa casa comum” e lema “Vão-se os bens da Criação, ficam miséria e destruição!”, a Romaria foi organizada pela Comissão de Meio Ambiente da Província Eclesiástica de Mariana e reuniu mais de 5 mil pessoas. A arquidiocese de Mariana esteve presente nessa caminhada de fé e luta.
Segundo o integrante da Comissão de Meio Ambiente da arquidiocese de Mariana, Welton Pimentel (Leleco), a romaria ultrapassou as expectativas. “Nossa expectativa foi ultrapassada, tanto na diversidade dos participantes, quanto no número. Tivemos presença forte dos indígenas, dos ribeirinhos, dos pescadores e de todos que compõem a vida dos mais pobre às margens do rio doce. A comunidade de Barão de Cocais também esteve presente. Recebemos uma comitiva importante dos atingidos de Brumadinho e de Dom Vicente de Paula, da arquidiocese de Belo Horizonte, que coroou esta forma de expressão e denúncia”, disse. Leleco ressaltou que “a romaria foi vivenciada em um espírito profético e de aliança com os povos que compõem a Bacia do Rio Doce e a Bacia do Rio São Francisco e Paraopeba nessa compromisso de regeneração das águas”.
Leia também a Carta da 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce.
Semana Missionária
Em preparação para a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce foi realizada de uma Semana Missionária em Itabira. A iniciativa contou com a participação de missionários da arquidiocese de Mariana e das dioceses de Caratinga, Itabira/Coronel Fabriciano e Governador Valadares, além de pessoas do Norte de Minas. Visita nas famílias, nas escolas, momentos celebrativos, de formação e culturais fizeram parte da programação.
“Essa Romaria consolidou o processo das missões, portanto dos missionários. Tivemos desde a participação das dioceses que compõem a Província Eclesiástica de Mariana a ação e a presença de romeiro do Norte de Minas, o que provocou uma balançada nas estruturas sociais que estão altamente dependente da mineração na cidade de Itabira. Trabalhamos com uma cartilha de formação com três encontros e também nas visitas durante o dia, o que mostrou uma população altamente sensível ao acolhimentos dos missionários, mas fechada aos assuntos que envolve a mineração. Essa consolidação passou a ser para nós o espírito dessa romaria”, destacou Leleco.
Para o missionário da arquidiocese de Mariana, GIlmar Oliveira, a missão foi muito importante para popularizar e divulgar a Romaria na cidade, além de ser um espaço para ouvir a comunidade “Nas visitas às escolas percebemos uma preocupação grande dos jovens com o futuro da atividade minerária, do meio ambiente e do trabalho na região. Um questionamento apresentado por eles é ‘onde está sendo discutido o que será da região pós mineração?’. Foi muito interessante as falas e os questionamentos dos jovens sobre esse futuro”, disse.
Com informações: De Fato Online
Fotos: Diocese de Itabira