Duas conferências marcaram a manhã deste sábado (22), segundo dia do V Congresso Arquidiocesano da Pastoral familiar, em Piranga (MG). Antes das conferências o arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, presidiu a missa com os participantes
A primeira conferência do dia foi proferida pelo casal André Parreira e Karina Parreira e teve como tema “Diferenças emocionais e comportamentais entre o homem e a mulher no processo de ajustamento para a vida conjugal e familiar”.
Durante a apresentação, o casal abordou o corpo masculino e feminino nos planos de Deus, o corpo como fonte de diferenças emocionais comportamentais, os desafios santificantes de ser uma só carne e o risco de não se assumir os desígnios de Deus.
“O nosso corpo é projeto de Deus. É com este corpo que nós fazemos cada segundo da nossa vida na terra. Este corpo sacramental é fonte das minhas emoções e dos meus comportamentos e é deste corpo sacramental que surge a maioria das diferenças entre homens e mulheres”, disse André.
Segundo o casal, as diferenças entre homens e mulheres existem desde Adão e Eva. “As diferenças entre o homem e a mulher fazem parte da criação de Deus. Essas diferenças naturais não são frutos das questões sociais ou culturais, mas é parte do projeto de Deus”, acrescentaram.
André ressaltou que conviver com as diferença é um desafio. “Mesmo as pessoas que são chamadas ao matrimônio terão que lidar com esses desafios. Mas esse é um desafio que nos santifica”, disse.
“Para sermos uma só carne em meio a tantas diferenças é preciso acreditar que se Deus nos criou e nos chamou a ser uma só carne é porque esse caminho é possível. Se Deus fez esse projeto com todas as diferenças, Ele sabia que daria certo. Precisamos conhecer as nossas diferenças ao invés de viver brigando”, explicou André.
Quando o casal não vive os planos de Deus, eles estão colocando toda a humanidade em risco. “Quando o casal não assume os desígnios de Deus os filhos sofrem. Quando a gente não vive os desígnios de Deus, estamos colocando em risco o casal, a família e a humanidade”, pontuaram.
Família compromisso para a vida, uma luz para a sociedade
A segunda conferência do dia foi realizada pelo assessor do Regional Leste 2 da Pastoral Familiar, padre Wesley Clay Alves Rodrigues, e teve como tema “Família compromisso para a vida, uma luz para a sociedade”. Padre Wesley iniciou sua fala questionando os presentes sobre a capacidade de se abrir para o novo e de se renovarem. “Você é uma pessoa capaz de se abrir a novo? Você é capaz de se renovar? Muita das vezes nós queremos que o outro se renove e se abram para o novo. E você? Você é uma pessoa inserida na sociedade ou você vive no isolamento e na sombra de alguém? Você se valoriza ou valoriza apenas o que os outros falam? Você consegue olhar a realidade social, cultural e política e consegue discernir sobre esses assuntos?”, questionou.
Segundo ele, as pessoas precisam ter compromisso e serem luzes. “Vivemos hoje na época em que as pessoas não têm mais compromisso ou responsabilidade. Precisamos ter compromisso. Fomos batizados para sermos sal da terra e luz do mundo. A evangelização é um compromisso, pois somos batizados. Precisamos olhar para a realidade onde vivemos e ser luz”, disse.
Padre Wesley pontuou também que as pessoas precisam enfrentar o relativismo, que foi muito focado pelo papa emérito Bento XVI. “Estamos chegando ao ponto de relativizar aquilo que é sagrado. Quando eu relativizo aquilo que é sagrado, eu perco a capacidade de contemplar o mistério”.
O assessor também sublinhou que as pessoas vivem a cultura do eu. “Vivemos uma cultura que nos escraviza, que torna homens e mulheres isolados. A Igreja não é um lugar do isolamento. As pessoas estão com dificuldade de se relacionar. Como estão difíceis as relações hoje. Filhos que não conseguem se relacionar com os pais. Pais que não conseguem se relacionar com os filhos. Esse relacionar-se é indispensável. Me relaciono no celular, mas não me relaciono com outro. Gastamos tanto tempo digitando, sendo que falar é mais fácil”, disse.
Segundo ele, a Igreja está inserida na sociedade e sofre as influências da sociedade. “Estamos nos tornando uma sociedade paliativa. Damos remédio para o problema, mas não evitamos para que o problema não aconteça. Devemos cuidar da sociedade e das influências que sofremos na Igreja por causa da sociedade. Precisamos também observar as novas realidades culturais e tecnológicas. O Concílio Vaticano II já dizia isso, há 50 anos, precisamos ser uma Igreja doméstica”, afirmou.
Padre Wesley disse também que o lar é o local da intimidade. “Precisamos nos abrir a intimidade com Deus. Se eu não consigo ser íntimo de Deus, como eu vou ser íntimo do meu semelhante?”, questionou
“Precisamos tornar a nossa Pastoral, a nossa Igreja, uma casa doméstica. Na intimidade eu aprendo a viver o amor. A intimidade nos leva ao amor. Deus é amor. Porque Deus é íntimo em sua relação”, pontuou o assessor
Padre Wesley explicou também que o amor que a Igreja pede é pautado pela ética cristã. “Precisamos sair da esfera do relativismo, do eu, e entrar para a esfera do diálogo. Duas pessoas brigando não conseguem diálogo. É preciso dialogar em família, dialogar na sociedade. Quem dialoga cuida. Quem vive conflitos não cuida de si, não conhece os outros. Com diálogo e cuidado nós adentramos na esfera da ética cristã. A Igreja precisa ser a Igreja do diálogo, principalmente com a sociedade. Não podemos ser uma Igreja que se impõem”, disse.
Segundo ele, a Igreja é chamada a ser missionária. “E a missão da Igreja é ir ao encontro do outro e levar Jesus. Pois, assim eu estou amando. O amor transforma, liberta. Com ele eu sou capaz de ir ao encontro do doente, do drogado, do pobre. O amor é tanto que eu não perco a minha essência e meus valores”.
O assessor também salientou que é preciso transformar a sociedade à luz da fé. “Não podemos desistir da família por causa da sociedade. A família é a grande expressão da sociedade. Se a família vai mal, a sociedade vai mal, se a família vai bem, a sociedade vai bem”.
Padre Wesley terminou alertando que a família precisa ser a casa do amor, exemplo da Trindade e é um ambiente de relações comunitárias. “Saiam daqui com entusiasmos, para fazer a transformação na sociedade. Não sejam a pastoral da familiar das críticas, do desânimo, de que quando as pessoas começam a sair da pastoral você começa a sair dela. Acredite naquilo que você veio buscar. Acredite que você pode ser aquele raio de sol na vida do outro”, disse.
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