O Futuro a Deus pertence

07/11/2016 às 09h24

São Lucas leva-nos a meditar sobre o que Jesus falou sobre o que deverá acontecer no fim dos tempos, num futuro longínquo (Lc 21,5-19). Até chegar o término do mundo Cristo relata uma série de acontecimentos, cuja data apenas é do conhecimento do Criador de tudo. Ao assinalar alguns fatos marcantes o Redentor pedagogicamente alerta seus seguidores. Neste sermão escatológico, porém, alguns eventos serão recentes como a ruina do templo e de Jerusalém. Trata-se da realização das ameaças proféticas contra a cidade infiel. Além disto, contudo, Jesus, na sua visão de toda a História da sua Igreja, alude às provações pelas quais passarão as comunidades, as perseguições que serão feitas a seus discípulos. Isto vem sucedendo século após século. Ecoa, entretanto, sempre sua advertência: “Mas tende confiança! Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Estamos já no terceiro milênio depois de sua vinda a esta terra e não sabemos quantos milênios ainda virão antes da consumação do tempo, mas temos, contudo, uma certeza absoluta de que a História do mundo com a chegada do Messias prometido está na sua reta final, na sua fase definitiva. O importante é que devemos viver em plenitude a existência que atualmente nos é dada. É mister, no entanto, estar atentos a um fato inexorável que é o instante da morte. Para esta se deve estar preparado, vigilante para não cair nas garras de satanás, comprometendo a própria salvação.

O conselho de Jesus foi meridianamente claro: “Tomai cuidado para não serdes desencaminhados”. Muitos falsos profetas, realmente, têm aparecido no decurso dos séculos e infelizes os que se deixaram ou se deixam enganar por eles. O importante é que, se o futuro a Deus pertence, cada um de nós tem o dia de hoje para O servir e amar, acolhendo em tudo o ensinamento de Cristo, iluminados por sua palavra salvadora. Cumpre a cada um deixar um rastilho luminoso dentro desta História da Igreja como o fizeram todos aqueles que foram fiéis ao Evangelho. São Lucas registrou ainda outra recomendação de Jesus: “´É por vossa perseverança que obtereis a vida”. Com suma sabedoria e lucidez divinas Cristo ensina como superar todos os percalços existenciais pessoais e como os fiéis podem cooperar pelo triunfo de sua Igreja. Palavra maravilhosa: “perseverança”! Deus está sempre ao lado daqueles que nele esperam e são constantes no seu engajamento às verdades reveladas. A questão é saber como perseverar. Não é fácil muitas vezes por entre os sofrimentos e provações testemunhar a fé ultrapassando todas as dificuldades. Lemos no livro de Jó: “A vida do homem nesta terra é uma luta”(Jo 7,1). Jesus, contudo, afirmou: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,05), o que significa que com Ele tudo podemos realizar. Ai está o segredo do sucesso na trajetória dos santos e na marcha da Igreja não obstante tantas

contradições. São Tiago assim se expressou: “Tende na conta de pura alegria, meus irmãos, quando vierdes a encontrar-vos em provações de toda a espécie, sabendo que a vossa fé produz a perseverança. A perseverança, por sua vez, cumpra a obra, a fim de que sejais completos e perfeitos em nada deficientes (Tg 1,1-4). A fidelidade ao nome de Jesus. tem dado ânimo a seus seguidores e sustentado a Igreja por entre as vicissitudes da História. Invocar o nome de Jesus é uma maneira de reconhecer que a Ele pertencemos e este nome dá identidade e consistência à sua Igreja. Lembra sempre um ideal de vida e inflama a esperança para se ter parte no Reino futuro já inaugurado pelo divino Redentor. É o que aparece evidente na diretriz dada por Ele. No contexto atual, por entre tantas calamidades, perversidades, corrupção, crimes hediondos, mais do que nunca é necessário crescer na fé e na esperança. A presença de Jesus nos revela sempre a visão de Deus que ultrapassa a compreensão humana.

Cumpre deixar nossa vida aberta a uma maneira nova mais espiritual, crendo na Providência divina e na submissão aos planos do Criador. Daí resulta a perseverança que leva a uma sabedoria que é mais forte do que o mal. Perseverar é fazer em tudo a vontade divina sem querer polemizar, sendo arrogante com Deus. Uma humilde docilidade aos desígnios divinos é de vital valor na caminhada dos cristãos e da Igreja. Lembrança de que o campo da batalha a que se referiu o livro de Jó é o interior de cada um e assim se consegue a liberdade que se pode irradiar em raios de paz para toda a comunidade. É o viver não no temor, mas na confiança absoluta no Senhor Onipotente. Deste modo se ganhará a vida eterna, garantida pelo nosso salvador Jesus. Nele nós podemos sempre confiar!

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho


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