Jesus que recebeu do Pai grandiosa missão resolveu escolher um grupo para ajudá-lo. Surpreendeu a todos nesta escolha! Os escolhidos foram homens de cultura, pensamentos e atitudes completamente diferentes. Devem ter dado muito trabalho para chegar onde chegaram! E Isto só foi possível porque o que mais existia em Jesus era disposição para ensinar. Seus ensinamentos provocavam alegria, motivação, encorajamento, mas nem em todos.
Certa vez, Jesus falando de sua vida, do seu futuro e dos desafios dos seus seguidores, percebeu logo uma reação de abatimento por parte de seus colaboradores. Como os recursos de Jesus eram muitos e Ele não ensinava somente através de palavras, fez o seguinte: tomou Pedro, Tiago e seu irmão João e os levou a um lugar à parte, e se transfigurou diante deles - (Mt 17, 1-9). Era o quadro da transfiguração.
Através deste quadro, Jesus não tira o peso de suas palavras anteriores, mas para reanimar seus seguidores apresenta-lhes a glória como recompensa por assumirem o caminho de cruz. A partir deste momento, eles não se concentravam mais no presente atemorizante e sim no futuro promissor. E não desistiram de continuar com Jesus. A alegria contagiante, o encorajamento para as situações de cruzes e a consciência de que o caminho do cristão seria muito parecido com o caminho do Cristo fez aumentar o número e a qualidade dos seguidores de Jesus.
Jesus só fez uma transfiguração diante dos seus colaboradores. Apenas esta foi suficiente e determinante para todo o caminho que tinham pela frente.
Em 2001 a Arquidiocese de Mariana realizou o seu I Fórum social pela vida. Justificava-se pela necessidade de revisão do caminho até então trilhado, pela necessidade de avançar mais e de forma organizada no enfrentamento das questões sociais em nossa Arquidiocese, abrindo caminhos para novas frentes de trabalho com novas lideranças e pela comunhão necessária e condicionadora do sucesso de qualquer trabalho social bem feito. Poderíamos dizer que era a nossa transfiguração. Comparando-a com a que fez Jesus, a diferença foi no depois.
Ninguém nega os frutos de cada Fórum, mas se já estamos na sexta edição, é porque os desafios continuam ou até aumentaram, é porque a transformação social ainda está por acontecer, é porque as estratégias podem ser mais ousadas e porque as nossas lideranças que deveriam aumentar até diminuíram, embora os perseverantes vão levando à frente os trabalhos, de forma heróica, apesar de cansaços e desgastes. É por isto que fizemos acontecer mais um Fórum Social pela Vida.
Diante da única transfiguração realizada por Jesus não tenhamos a mesma pretensão. Podemos fazer muitos outros Fóruns como transfigurações para sentirmos o potencial de nossa Igreja particular e o que é possível ser feito em favor de seu povo, especialmente dos menos favorecidos. Cada Fórum tem muito a nos ensinar.
Pe. Geraldo de Souza Rodrigues