O mês de novembro inicia-se com duas grandes celebrações: a de todos os santos e a dos fiéis defuntos. Ambas nos recordam aspectos essenciais de nossa fé e nos convidam a reflexões profundas sobre o sentido da vida e de nossa vocação.
A realidade da morte sempre nos traz muitos questionamentos e sofrimentos. Por mais que a entendamos como processo natural, ela vem sempre acompanhada de espanto, de medo, de dor, etc. Será que estamos aqui para passarmos por tantas situações e depois terminarmos no esquecimento, no aniquilamento? A nossa fé cristã nos aponta outra direção: “aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; sua saída do mundo foi considerada uma desgraça e sua partida do meio de nós, uma destruição, mas eles estão na paz” (Sab 3,2s). Sem a ajuda da fé, o ser humano não consegue dar pleno significado à morte, ou melhor, à vida. Desse modo, celebrar os fiéis defuntos é relembrar com saudade dos entes queridos e de tantos que já passaram por este mundo e, assim, renovar nossa fé na ressurreição.
A festa de todos os santos complementa a festa de finados apontando, justamente, para o sentido último da vida: nós nascemos para a santidade. Tal afirmação tem sua raiz na Bíblia: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). Humanamente, vamos nos parecendo com nossos pais, seja pelo jeito de andar, de falar, gesticular, além das semelhanças físicas. Podemos afirmar que aprendemos as coisas básicas da vida na observação dos pais. Em relação a Deus, deve ocorrer o mesmo: devemos nos parecer com Deus que é Pai de todos, cuja característica principal, recebida pela revelação, é a santidade; por isso, devemos também ser santos.
Jesus pede para que nós sejamos santos como o Pai celeste é santo. O Espírito é Santo e santificador; portanto, recebemos a graça santificante no batismo. Desse modo, somos envolvidos pela santidade de Deus e convidados a construí-la na terra, pois nossa vocação é para a santidade.
Assumir esse chamado implica em comprometermo-nos com a construção do Reino de Deus aqui e agora. De modo algum, é viver de futuro ou de passado, mas aprender com a multidão dos santos a buscar a conversão diária.
Portanto, é necessário que cada um perceba essa vocação à santidade e aprenda com o exemplo dos santos, para que um dia possamos cantar, juntamente com todos os santificados e os anjos: Santo, Santo, Santo é o Senhor!
Pe. Thiago José Gomes
Assessor Arquidiocesano da PV-SAV