No eixo Justiça restaurativa, desenvolvido no Fórum Social Pela Vida, constituído por cinco grupos de trabalho, os participantes assumiram o compromisso de divulgar e capacitar as pessoas “à prática da justiça restaurativa nas famílias e nos diversos grupos eclesiais; fomentar práticas restaurativas na sociedade civil para a construção de uma cultura de paz; trazer para a arquidiocese a Escola de Perdão e Reconciliação ( Es.Pe.Re); ampliar os trabalhos da Escola de Cidadania e do Fórum Intermunicipal de Políticas Públicas; mapear e divulgar os Índices de Vulnerabilidade Social (IVS) nos municípios da arquidiocese; promover um trabalho mais articulado entre os diversos serviços de atenção aos dependentes químicos e suas famílias; apoiar efetivamente os trabalhos das Comunidades Terapêuticas (CT`S)”.
Os outros eixos também deixaram na carta compromisso propostas viáveis que nos ajudam a efetivar o cuidado com a casa comum, colocando a política e a economia a serviço da vida.
Agentes da Pastoral Carcerária das regiões Sul, Oeste e Norte reuniram-se no dia 19/11, em Mariana, e aprofundaram a temática justiça restaurativa, à luz do Evangelho de João 4, 1- 42, o encontro de Jesus com a Samaritana, que tem toda sua vida restaurada. A fome, sede, cansaço, discriminação, tudo é superado pela proximidade, interesse, diálogo, respeito, perdão e misericórdia, especial prática do amor. Aquela, que tomada pelo espanto e surpreendida por um homem, considerado inimigo, estrangeiro, radical, interesseiro, vê caída por terra sua falsa segurança, sem marido, já ligada ao quinto homem, tem o seu coração tocado e pede a água viva, que vai saciar sua sede de amor e de paz. Passa a viver uma nova vida, torna-se discípula missionária.
Num mundo árido, faminto, desorientado e violento, onde buscamos água, alimento, orientação e segurança? Os que estão nas prisões, suas vítimas e familiares, sua própria família, a sociedade, os agentes penitenciários, a polícia civil e militar, o que norteia sua direção? Os advogados, promotores, juízes, testemunhas de defesa e acusação, em que se apoiam para decidir a absolvição, ou prisão de alguém? Como promover “justiça, justiça, só se for restaurativa”?
As perguntas não têm respostas imediatas e muito menos simplistas, ou simplórias. Requerem novas posturas e até novos paradigmas. Não podemos nos contentar e nos conformar com boas ideias e sugestões. Na longa caminhada, a água pode faltar, o alimento ser escasso, o cansaço predominar mas sempre estará alguém à nossa espera, à beira de um poço, pedindo: “dá-me de beber”, e Ele nos saciará a sede de fome, justiça e paz.
Pe Geraldo Barbosa.