O Ano da Vocacional Sacerdotal, que estamos celebrando na Arquidiocese de Mariana, nos oferece a oportunidade de aprofundar nossa reflexão sobre a missão do sacerdote. Além de santificar e apascentar o Rebanho do Senhor, o presbítero tem a função de ensinar, como servidor da Palavra de Deus, proclamando o Evangelho de Cristo e transmitindo a fé católica. Na ordenação sacerdotal, diz o bispo ao ordenando: “Deverás cumprir no Cristo Mestre a função de ensinar. Transmite a todos a palavra de Deus. Meditando na lei do Senhor, procura crer no que leres,ensinar o que creres, praticar o que ensinares. Seja a tua pregação alimento para o povo de Deus e a tua vida estímulo para os fiéis, de modo a edificares a casa de Deus, isto é, a Igreja, pela palavra e pelo exemplo”.
Na Exortação Apostólica sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, diz Bento XVI: “Quanto aos sacerdotes, quero apontar-lhes as palavras do Papa João Paulo II, quando, na Exortação apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis, recordou que, «antes de mais, o sacerdote é ministro da Palavra de Deus, é consagrado e enviado a anunciar a todos o Evangelho do Reino, chamando cada ser humano à obediência da fé e conduzindo os que creem ao conhecimento e comunhão sempre mais profundos do mistério de Deus, revelado e comunicado a nós em Cristo”.
O Concílio Vaticano II, no Decreto sobre o ministério e a vida dos presbíteros, ensina: “O Povo de Deus é reunido antes de tudo pela Palavra do Deus vivo, que é justíssimo esperar receber da boca dos sacerdotes. Com efeito, como ninguém se pode salvar se antes não tiver acreditado, os presbíteros, como cooperadores dos Bispos, têm, como primeiro dever, anunciar a todos o Evangelho de Deus, para que, realizando o mandato do Senhor: «Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as criaturas» (Mc 16,15), constituam e aumentem o Povo de Deus. Com efeito, é pela palavra da salvação que a fé é suscitada no coração dos infiéis e alimentada no coração dos fiéis; e é graças à fé que tem início e se desenvolve a assembleia dos que creem, segundo a palavra do Apóstolo Paulo: «a fé vem pelo ouvido» (Rm 10,17)” (cf. PO 4).
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, nos convida a renovar a nossa confiança na pregação “que se funda na convicção de que é Deus que deseja alcançar a todos por meio do pregador e mostra o seu poder através da palavra humana. São Paulo fala vigorosamente sobre a necessidade de pregar, porque o Senhor quis chegar aos outros por meio também da nossa palavra (cf. Rm 10,14-17). Com a palavra, Nosso Senhorconquistou o coração do povo. De todas as partes, vinham para ouvi-lo (cf. Mc 1, 45). Ficavam maravilhados, «bebendo» os seus ensinamentos (cf. Mc 6, 2). Sentiam que lhes falava como quem tem autoridade (cf. Mc 1, 27). E os Apóstolos, que Jesus estabelecera «para estarem com ele e para os enviar a pregar» (Mc 3, 14), atraíram para o seio da Igreja todos os povos com a palavra (cf. Mc 16, 15.20)” (EG136). E o Papa acrescenta: “Não é só a homilia que se deve alimentar da Palavra de Deus. Toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza se não se deixa continuamente evangelizar. É indispensável que a Palavra de Deus se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial. A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e os torna capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária” (EG 174).