Inquietudes de um novo velho tempo

23/12/2016 às 08h28

O que se esperar de 2017 nestes momentos múltiplos de inquietações, balbúrdias e provocações inusitadas? Apresento, aqui, algumas dessas elucubrações que inferem na realidade pessoal e político-socialmente.

O país vem de um golpe engendrado com toda a maestria dos experimentados e especialistas na arte de administrar o bem comum em favor do pessoal e privado. É, talvez, o único país, segundo a crítica de terceiros, que é capaz de ocupar ruas e megalópoles para pedir a própria destruição e aniquilamento. Comemorou o “pato” que pagou a conta com a perseguição aos movimentos populares e organizações trabalhistas, articulações da juventude antigolpismo. Haja vista o maior movimento, há muito não visto, dos estudantes e as ocupações das escolas e universidade! A mídia direitista e clientelista não visibilizou a organizações dos ocupantes fazendo história, cultura e encontro com a participação do povo a quem foram abertas as portas escolares e universitárias. Para os detentores do poder econômico, que passa pelas teles, jornais e similares era necessário que se falasse apenas de bagunça, baderna e confusão. Dessa forma, os assistentes assíduos de seu jornal nunca teriam o que pensar adversamente.

A corrupção grassa por todos os cantos e campos nas lava jatos e lava-consciências que campeiam nas espúrias negociações e “delações“ premiadas. O corruptor se torna herói ao se delatar e, aos seus comparsas corruptivos, as tramas de seus macro-negócios. Fico pensando no “probrezinho” do preso que tem de passar por vexatórias formas de autotraição para se ver livre dos espancamentos constantes! Acordos tácitos entre os poderes institucionais se configuram numa orquestrada trama que garante direitos e ganhos para suas “ beneméritas” ações em prol de si mesmos. Nunca se assistiu a tanto descalabro de governos contra a vida do povo, dos pobres, dos jovens, das mulheres e nas maiorias sofridas na conjuntura nacional e, mesmo mundial.

O que o mundo anseia para o ano? Países hiper-seguros econômica e politicamente se veem reféns do terrorismo e dos grupos que se dizem alternativos da ordem constituída. Não se sabe o que fazer mais para barrar as ondas de ataques às populações inseguras. A maior potência ianque com seu Trump “ trumpará” o poder dos hermetismos aos pobres latinos e minorias sofridas que não somam aos lucros das bolsas de valores. Não se aceita na geopolítica a presença dos pequenos; eles não servem à economia dos grandes.

O Papa Francisco, na contramão da história, clama à abertura das portas e corações indiferentes. Não tem medo de ser Cristo eclodindo com solidariedade aos refugiados e conclamando à defesa do planeta cada vez mais devastado. O tempo dirá até que ponto nos avançamos na capacidade de fazer autocrítica para crescer e amadurecer das experiências vividas. Com fé, força, luta, ânimo e determinação, ainda somos possibilitados de sonhar o novo antes que seja tarde demais.


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