No período de 22 a 29 de janeiro a cidade do Crato, no Ceará acolherá a representação da Pastoral da Juventude do Brasil. Trata-se da Ampliada Nacional da Pastoral da Juventude (ANPJ). Esta é uma grande reunião com representantes da pastoral da Juventude de todos os regionais da CNBB. O artigo aqui publicado, em preparação para a ANPJ é de autoria do padre Maicon André Malacame, da Diocese de Erexim.
Trata-se de construir o Reino na Pastoral da Juventude
“Jesus voltou para a Galileia,
pregando a Boa Notícia de Deus...”
Mc 1,14
Todos/as que foram para um grupo da PJ foram movidos pelas mais diversas razões. Uns foram porque receberam o convite de um amigo. Outros foram porque havia um/a menino/a bonito/a no grupo. Outros porque participaram de um Encontro ou de uma Missão ou de um DNJ. Mas, as razões que fazem o jovem permanecer no grupo não são as mesmas que o fazem ficar. De algum modo, a vivência do grupo tocou e mobilizou a vida daquele jovem que decide ficar. O anúncio feito, tocou a vida e provocou uma real adesão.
Jesus dedicou sua vida a um projeto. Sem medo de errar, poderíamos dizer que o Reino do Pai era o horizonte de Sua vida. Por isso, também era necessário estar unido ao Pai pela oração. Foi no cotidiano da vida que Jesus anunciou essa Boa Notícia. O dia-a-dia é que vai revelar o que nós estamos anunciando. Por isso, sem dúvida, o grupo de jovens é aquilo de mais concreto e cotidiano que a Pastoral da Juventude tem pra anunciar. Poderíamos também, olhando pro Mestre, nos perguntar: que grupos de jovens para esse tempo histórico? Talvez a Ampliada Nacional da Pastoral da Juventude em Crato/CE precise fazer e rezar essa pergunta, olhando para o Mestre e para as “galileias” juvenis.
Perguntar-nos sobre o que a PJ anuncia é perceber, também, o que faz os/as jovens permanecerem no grupo. É observar o que mobiliza a vida de tantos/as jovens. É perceber o que motiva jovens para assumirem os serviços de coordenação, de modo que outros jovens também façam a mesma experiência. É indagar sobre o que motiva a doação de tantos/as assessores/as Brasil afora.
As respostas podem ser as mais diversas. É que estar em grupo me faz bem. É que descobri grandes amigos. É que descobri que posso ajudar a construir um mundo melhor. É que fiz a experiência de Deus que me ama e acolhe. É que descobri um Cristo amigo. É que descobri que sou parte da família humana. É que o grupo é minha segunda família. É que no grupo descobri o sentido da vida. É que descobri que posso sonhar e construir meus sonhos. É que consegui escrever meu projeto de vida. E muitas são as respostas, mais ou menos, nessa direção.
Olhar para essas respostas ainda não possibilita mensurar completamente o que a PJ anuncia. É preciso aprender a olhar. É preciso olhar além.
Um primeiro e importante destaque é a centralidade da vida da juventude no anúncio que a PJ faz. A PJ toca a vida de milhares de jovens porque coloca no centro de sua ação a vida da juventude. Não nos referimos apenas às Campanhas pela vida. Nos referimos ao fato do grupo de jovens dialogar sobre as questões que tocam a vida dos/as jovens que dele participam. Nos referimos ao fato do grupo acolher os/as jovens como esses são. Acolhe-se a vida do/a jovem.
Outro destaque fundamental é a centralidade do seguimento nas ações da PJ. Toda reza, toda ação e todo encontro é pautado nos passos de Jesus. Comprometer-nos com a pessoa e a proposta de Jesus é central naquilo que a PJ vive e faz. O Reino, a Civilização do Amor são causas concretas que aos poucos vamos abraçando com os/as jovens desde o grupo. E são causas que vamos abraçando nas pequenas e grandes ações. Na organização de uma cesta básica à luta por políticas públicas de juventude.
É preciso ainda destacar a centralidade da vida comunitária. Em tempos neoliberais, de individualismos opressores, a PJ rompe com o capital e reafirma o grupo como lugar de ser feliz. O faz, nos passos de Jesus, aprendendo desde a Trindade o que significa comunhão. Ao reafirmar e assumir o grupo, a PJ reafirma sua pertença comunitária e eclesial. Somos Igreja. Somos Comunidade dos/as seguidores/as de Jesus.
Importante destaque é o projeto de vida. O anúncio que a PJ faz é anúncio de projeto de vida. Ela apresenta um projeto de vida à serviço dos demais. Apresenta na certeza que é parte de sua missão ajudar os jovens a descobrirem sua vocação, sua missão, seus sonhos e os torná-los realidade. A PJ anuncia um projeto de vida, para que a juventude possa tecer projetos vitais que deem sentido à suas vidas.
Ao dizer do que a PJ anuncia é preciso dizer do que a PJ não pode anunciar. E em primeiro lugar é preciso dizer que a PJ não pode se auto anunciar. Todo movimento de fechamento, de olhar só para si é movimento de morte. A PJ anuncia a vida. A PJ anuncia o Reino. A PJ anuncia a pessoa e a proposta de Jesus. A PJ anuncia a vida em grupo. A PJ anuncia um projeto de vida. Mas, não se auto anuncia.
A PJ não anuncia moralismos. Não nos cabe julgar. Não é nosso papel oprimir. A PJ precisa ser sempre mais escola de acolhida e misericórdia. Não cabe anunciarmos moralismos, preconceitos, discriminações. Pelo contrário, sempre que testemunharmos tais situações, precisamos é denunciá-las.
Ora, a Ampliada Nacional da PJ que se aproxima é um convite para podermos aprofundar aquilo que anunciamos e aquilo que não queremos anunciar. O que mais anunciamos à juventude? O que não podemos anunciar? Que Boa notícia somos para a juventude?