Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Os Magos, guiados pela estrela, vieram do Leste e chegaram a Jerusalém (Mt 2,1-12); Nesta cidade indagaram:”Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Herodes, os grão-sacerdotes e os escribas, de acordo com as Escrituras, responderam-lhes: “Em Belém da Judeia porque assim foi escrito pelo profeta” (Miq 5,1-3). Sem tergiversações, imediatamente, aqueles sábios para lá se dirigiram. Registrou São Mateus, que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles e “ao verem a estrela sentiram grandíssima alegria”. Os Magos, e somente eles, perceberam aquele corpo celeste extraordinário, criado expressamente por Deus para manifestar aos pagãos o nascimento do Salvador da humanidade. Nem Herodes, que passava seus dias em festas mundanas, nem os chefes dos sacerdotes e nem os doutores da lei que se julgavam os donos da verdade e não penetravam os sinais celestiais, viram aquele astro. Não estavam interiormente disponíveis para acolher a novidade que o Criador, no silêncio da noite, fixava no firmamento. Para se deixar instruir pelo Espírito Santo é preciso ir além da materialidade e da soberba. Não se pode deixar dominar pelas coisas terrenas e confiar apenas na potência da inteligência, mas cumpre se deixar iluminar pela estrela das inspirações divinas, pelos impulsos da graça sobrenatural. É assim que se encontra o Redentor e se pode adorá-lo de verdade. Na calada da noite os Magos receberam a grande mensagem. É no silêncio que se depara a Deus A Elias Ele se manifestou “num leve sussurro no silêncio” com lemos no Livro dos Reis (Rs 19,12). Não estava nem no vento forte nem no terremoto, nem no fogo, mas na brisa suave sem ruído. É necessário perscrutar envolto na calma, na serenidade os indícios divinos para captar suas mensagens salvíficas num momento de reflexão, de contemplação, de íntimo contato com Ele. Olhar para o Alto e, como os Magos, num esforço persistente procurar os recados do Espírito e sem dubiedades se deixar por eles guiar. Eis ái outra lição legada pelos astrônomos da Epifania. Foram persistentes e maleáveis. Saíram de suas terras, deixaram suas comodidades. Na buliçosa Jerusalém inquiriram e mediante a resposta recebida prontamente foram à procura do Menino Deus. Depois, tenho recebido um aviso superior voltaram para suas terras por outro caminho, mediante a ordem peremptória que o céu lhes dera. No empenho para progredir espiritualmente na caminhada até Jesus é de vital importância a docilidade à voz de Deus. Desta atitude depende uma maneira sábia de pensar, de agir e de julgar os acontecimentos. A exemplo dos Magos o cristão não deve viver segundo o seu critério pessoal, mas captar sempre as mensagens de Deus, escutando e seguindo em tudo a a inspiração recebida. No empenho para obter a salvação eterna, progredindo espiritualmente sempre na caminhada neste mundo, de vital importância é esta docilidade à voz de Deus. Desta atitude depende uma maneira sábia de pensar, de agir e de julgar. Com efeito, o cristão não deve viver segundo o seu critério pessoal, mas de acordo com uma entrega total a Deus, escutando e aceitando em tudo sua graça e sua inspiração. Lemos no Livro de Samuel: “Porventura o Senhor se compraz tanto nos holocaustos e nos sacrifícios, com em obedecer à voz divina?” Completa obediência a seu Senhor. Trata-se da adoração ao Ser Supremo em espírito e em verdade através da contínua submissão a Ele. Ao invés de se guiar pelas sugestões do demônio ou de sua imaginação o ser humano adere unicamente ao que Deus quer e porque Ele quer. Foi assim que os Magos chegaram até Jesus nos caminhos traçados pela Providência. Quanta vez acontece com muitos cristãos aos quais o Espírito Santo mostra que devem evitar as ocasiões que os afastam de Cristo e eles nos caminhos do mal perdem a graça de Deus. É necessária sempre a coragem dos Reis Magos e procurar as sendas que levam até o Salvador. Em Belém os Magos encontraram Jesus com Maria sua Mãe. Será com ela que se depara o Menino Deus para poder oferecer a Ele o ouro de um grande amor, Ele Rei que merece todo louvor. Doação também da mirra dos sacrifícios cotidianos e das provações enviadas por Deus para se estar unido ao sacrifício de seu Filho lá na Cruz. Dádiva de um incenso de uma oração ininterrupta no reconhecimento de sua divindade. Assim é que se pode recolher as lições da solenidade da Epifania, primeira manifestação de Cristo aos gentios, para que adorando-O a exemplo dos Magos como o Messias e oferecendo a Ele nossos dons, O façamos conhecido e amado por toda parte.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.