Semear em todos os tipos de terrenos

12/01/2017 às 08h52

O artigo anterior referia-se a uma semente de muitas colheitas. Apenas para recordar, a referida semente é o Novo Projeto Arquidiocesano de Pastoral.

Com o pensamento ainda voltado para tal reflexão, lembro-me da parábola do semeador: “Algumas sementes caíram junto ao caminho, vieram os pássaros e as comeram” (Mt 13,4). Qual era este caminho? A quem esses pássaros representam? E por que eles comeram as sementes?

Vamos ao caminho! Entende-se por caminho, um lugar de passagem. Nele se encontra alguém que saiu de um determinado lugar com destino a outro. No caminho, estão os que se inquietam ou que possuem sonhos. No caminho, não estão as pessoas que já se encontraram... mas as que procuram; nem as pessoas com seus sonhos realizados... mas as que buscam realizá-los. É pelo caminho que vamos aos sonhos e atendemos às nossas necessidades. Quem não está no caminho é porque já se realizou (o que é pouco provável), ou porque acomodou-se, deixou de sonhar.

Mas além do caminho, existem suas margens. Um caminho de tráfego intenso reserva coisas preciosas, principalmente nas margens. É mais fácil encontrar um rubi ofuscado pela poeira, às margens, do que encontrá-lo reluzente no meio do caminho.

O caminho natural do nosso PAE será perpassar por nossas regiões, foranias, setores e comunidades e ainda, pelos conselhos, pastorais, dimensões e movimentos. Essa organização de nossa Igreja particular, apesar de todos os seus esforços, não consegue alcançar a todos. Muitos podem estar às margens desta organização. No entanto, inquietações ou preocupações, sonhos ou projetos todos têm, independentemente de estarem no caminho ou às suas margens. Imaginemos quantas pessoas de fé, de grandeza de coração, de estatura altamente humilde e simples, extremamente humanas e proféticas podem estar nestas margens. É preciso que haja semeadores corajosos e dispostos a lançar sementes em todos os tipos de terrenos e não apenas, escolham os terrenos bons. Das margens, se vê tudo o que está no caminho, enquanto que do caminho, nem sempre se alcança tudo o que se encontra nas margens. Qual surpresa não será para estas pessoas, quando encontrarem o PAE pelo caminho.

Como pássaros do céu, eles irão até ele para se alimentarem de sua força, irão valer-se de seu discernimento e de sua luz para entrarem na dinâmica do caminho, ou para continuarem nas margens, ou mesmo para se lançarem a outros horizonte. O importante será saber que as sementes do PAE lançadas no caminho, mesmo que tenham sido colhidas antes de germinarem, não foram inúteis, mas ajudaram a muitas pessoas a se tornarem boas, mesmo nas margens; a se reabilitarem, se estavam fragilizadas e famintas; além de terem restabelecido a esperança para continuarem o caminho.

A Igreja de Jesus Cristo de que tanto nos recorda o papa Francisco com palavras e atitudes precisa estar em saída, encontrando-se também com os que caminham pelas margens. Como pássaros, a região Mariana Oeste apresenta muitas pessoas às margens, esperando pela semente do PAE. É mais uma razão para semear: quem faz a semente germinar, crescer e produzir frutos não é o semeador, mas Deus.

Não tenhamos a pretensão de semear, cuidar e colher os frutos; pois o importante é semear e semear sem escolher os tipos de terrenos.

Pe. Geraldo de Souza Rodrigues


Voltar

Confira também: